Viagens Invisíveis

Veneza no amanhecer e Roma no anoitecer – Um dia para recordar.

Acordamos com Veneza às escuras e adormecida, nada que lembrasse a noite anterior, de puro carnaval. Um café exalando o delicioso aroma do expresso e croissant’s indicavam alguns poucos despertos, mas as luminárias ainda estavam acesas, lembrando que, para a maioria das pessoas, ainda era noite.
 
Qual a nossa surpresa ao chegar na estação do Vaporetto (a mesma próxima ao Hotel Danielli) e observar este indescritível amanhecer


Apenas nós, um veneziano e um turista (aparentemente nórdico) e este espetáculo de cores.

 

No decorrer do percurso, o dia clareou totalmente e fui sentindo uma saudade de Veneza, uma vontade de ficar, a sensação de que muito poderia ver, de que tinha deixado algo para traz, escapando entre os dedos, como um romance que não se concretizou, mas que poderia ter sido muito bom.


As gôndolas do passeio que não fiz…


Até o carnaval que poderia me permitir… (pausa no romantismo nostálgico, este mascarado estava no vaporetto às 7h da manhã!!!!)

 

Após 04 horas de trem e muito descanso, chegamos novamente em Roma. De metrô para a Piazza del Popolo, foi ótimo chegar e saber exatamente como ir e para onde. Nosso amigo ficaria em outro hotel, um charmoso B&B bem na movimentadíssima e central Via del Corso, a Rezidenza al Corso. Ele aproveitou uma promoção da booking.com e reservou por e$60,00, muito bom!! Mais bonito e elegante do que o nosso Okapi. O prédio não é exclusivo do hotel, mas fica em um segundo andar (com elevador bem pequeno) bem no início da Via del Corso, deu vontade de ficar lá!

 

Pedimos uma indicação para o almoço ao educado atendente da pousada, com a ressalva de ser bom e barato (o peixe da noite anterior tinha dado congestão nos bolsos e na pança). Imediatamente disse: PizzaRè. Boa dica! Logo na chegada pegamos uma fila e os vários italianos das mesas nos indicavam a natureza do local. Também haviam muito turistas, afinal fica na Via ripetta, bem central!
Como estava me recuperando pedi Rigatoni al pomodoro. Parece simples, não é? Mas era incrivelmente deliciosa, um molho levíssimo, com a acidez na medida certa…
 
Nosso amigo foi de Talharim com frutos do mar.
 
Tudo bem, o amigo ganhou, mas esta pizza do marido (quatro queijos) estava um pecado, quase saímos na briga, mas ele acabou comendo praticamente sozinho as 06 fatias.
 
Fomos revisitar alguns pontos de roma. Passamos novamente pelo Museu Ara Pacis, mas como o objetivo era caminhar, não entramos. Além disso, o Monumento de Adriano pode ser parcialmente visto pela lateral esquerda, percorrendo a enorme janela de vidro que ladeia o museu.

 

Seguimos pelo outro lado do rio Tibre, mais próximo do Vaticano, passando pelo palácio da Justiça, um imponente e exagerado prédio, adequadamente apelidado de “Palazzacio” pelo tamanho e quantidade de ornamentos e nem é antigo, data de 1888, o que, para Roma, é um bebê.

 

Chegando ao Castelo de San Angelo, uma pista de patinação chamou nossa atenção e é claro que fomos patinar. O tempo já tinha amenizado e a sensação térmica beirava os 12º, isso, somado à falta de conservação adequada, fazia da pista uma quase piscina e inviabilizava a brincadeira, sob pena de graves danos corpóreos.

 

Olha ela ai ao fundo, vista do Castelo.

 

Decidimos entrar no Castelo, de onde a personagem da obra Tosca (Puccini) se joga ao ver seu amado morrer. O máximo de drama ou emoção heroica que tivemos foi assistir ao por-do-sol do Castelo, enquanto pesadas nuvens pairavam no céu e um fraco raio de sol parecia escolher onde ia iluminar.

Ora a ponte


Ora o Castelo


Mas a sua escolha favorita também foi a minha, os anjos de Bernini.

 
E o pôr-do-sol em Roma emocionou. Sem planejar, sem pensar, sem querer, estávamos no lugar perfeito, desde o amanhecer ao anoitecer. Como somos privilegiados!

Mas não poderia voltar sem passar pelo meu bairro favorito em Roma – Campo dei Fiori.

 

Seguimos a pé, caminhamos bastante, entramos em diversos antiquários, brechós, pequenos mercados e tomamos um pequeno (perdão da expressão) gelatto para variar.

 

No jantar decidimos fazer o que quase nunca ousamos – repetir o restaurante. Embora não se possa afirmar que foi repetição propriamente dita. Esclareço – não jantamos na Enoteca Bucone, apenas tomamos vinho e comemos uma entrada. Precisava comprar vinhos para levar, então foi a melhor opção!
Chegamos e já encontramos todas as mesas ocupadas, mas em 15min já estávamos sentados. 
Esta massa com funghi pedimos como entrada, mas bem que poderia ser um honradíssimo prato principal!

 

Bruschetas não estavam muito boas apenas porque foram torradas demais, os recheios de fígado e grão de bico estavam  bons.

 

Para fechar com chave de ouro o último dia de viagem e pela indicação do simpático proprietário, pedimos um Masi Amarone 2007.

 

Os homens que me acompanhavam foram de bacalhau delicioso! (o adjetivo é meu)


Eu fui de Spaghettoni novamente com tomates cereja e bastante pecorino.

 

Ponto para eles, sem choro. Também segui a indicação para a sobremesa – Baba ao rum, uma espécie de bolinho bem aerado e macio, com bastante rum, o que o deixa forte, mas gostoso. Para paladares ousados.

 

A assim termina nossa viagem, da maneira que deveria ser, sem tirar, nem por.

 

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