17.02.2012
Após o excelente café do Hotel Le Isole, com direito a cappuccino super cremoso feito na hora, ovos e bacon, seguimos para Murano. Murano? Sim, a movimentação do carnaval de Veneza não nos convenceu e eu precisava de um vaso – única compra da viagem. Sim, meu único desejo era (além dos barolos, brunelos e carboidratos) trazer um legítimo vaso comprado em Murano.
Bem próximo à Praça San Marco, à esquerda, pegamos um vaporetto em frente à estação do Hotel Danielli, que, a propósito, possui uma estação de gôndolas exclusiva
Logo ao lado há uma estação de vaporettos, vimos que a saída era em poucos minutos (existem várias ao longo do dia) e que o que nos levaria a Murano era o 4.2 (o 4.1 também leva, mas já tinha saído). A viagem não é rápida, durou quase 1h, mas são momentos de pura contemplação.
Chegamos em Murano e logo vimos como valia a pena o trajeto – longe das multidões de Veneza, dos restaurantes, dos mascarados, eramos apenas poucos visitantes e uma preciosa ilha a desvendar. Bonita de encher os olhos! Não foi preciso muito para se apaixonar, foi fácil, muito fácil.
Descemos na primeira parada do vaporetto – Colonna – Fondamenta Cristoforo Parmense e simplesmente fomos guiados pelo instinto e belas belas e cálidas imagens de flores de vidro nas janelas
E pequenos barcos ancorados
Sim, existem lojas, a maioria de vidros, mas também existem cafés, padarias, restaurantes, residências, gatos nas janelas… Murano tem vida, embora parecesse que a maioria dos seus habitantes não estavam lá no momento.
Passamos pela Fondamenta d’Vetrai até Igreja San Pietro Martire. Em frente dá para ver a Ponte Vivarini, que atravessa o Canal Grande de Murano (bem menor que o de Veneza, por supuesto).
Dali se tem a melhor vista para apreciar o Palazzo da Mula, do século 12, que ficou muito conhecido por uma pintura de Monet de 1908.
Canal grande visto da Ponte Vivarini
O objetivo cultural em Murano era o Museu do Vidro. Pagamos e$8,00 para ingressar e a sensação durante toda a visita era que estávamos perdendo Murano, um precioso tempo de Murano estava sendo roubado de nós… Passamos menos de 15 min e saímos com pressa para retornar ao nosso calmo passeio e procurar um bom almoço.
Não é que o Museu seja ruim ou não se deva fazer, mas as peças históricas são muito pequenas e de certa forma desorganizadas, talvez sem uma explicação interessante. Já as obras maiores são bonitas, mas só, nada de muito especial.
Do Museu do Vidro rapidamente chegamos ao Campo San Donato e a Catedral de Santa Maria e San Donato, do século 12.
A Catedral de Santa Maria e San Donato, de estilo romântico, era apenas a Igreja de Santa Maria, em 999. Em 1125, San Donato foi “incorporado”. Este Santo Irlandês, que morreu em Fiesole em 877, teve seus restos mortais levados até a Catedral, sabe-se lá por quê, de Murano.
Infelizmente estava fechada e não pudemos ver os seus vitrais, o piso de mármore veneziano e as obras de Veronese.
Funciona de segunda a sábado, das 9h às 12h e das 15h30min às 19h e aos domingos das 15h30 às 19h. Olha o que perdemos:
Foto Saber Cultural
Mas ganhamos outras belezas, ao atravessarmos a ponte
Encontramos um jardim aparentemente esquecido na Calle Passerini, e em frente residências com senhoras conversando nas janelas
A praça sequer tem nome, mas olha que verde lindo aqui no google maps.
Um antepasto Valmarana – um mixto de frutos do mar com sardinhas em molho , o polvo, o Canoce (camarão mantis), vieiras , salmão e bacalhau com polenta – a vieira estava um espetáculo!!!
Tomamos um Chianti Riserva
Eu fui de Macarrone com mini polvo
O marido de spaghetti com frutos do mar
E o nosso amigo de mixto de frutos do mar grelhados
Todos espetaculares, mas estes polvinhos/lulas bem que mereciam levar o prêmio. Ah e este casal de italianos ao fundo, já estavam na entrada quando chegamos e ainda nem tinham ido para a sobremesa quando saímos, eles realmente sabem aproveitar o bom da vida!
Sobremesa – Tiramisu, muito delicado!
E assim meio cansados, preguiçosos e muito contentes fomos nos perder por Murano.
Como é pequena, como é perfeita
Entramos na Calle del Convento até dar na praia.
Depois fomos ziguezagueando, até lembrar do vaso! E já eram quase cinco da tarde! Voltamos à Fondamenta dei Vitrai onde estão a maioria das lojas de Murano e são muitas com preços para todos os bolsos. Algumas parecem galerias de arte, outras têm lustres de arrepiar.
O marido com seus olhos afiados localizou exatamente o que eu queria. Ao sair da loja, o cheiro inebriante de um bolo de chocolate saído do forno me lembrou – aqui há vida!
E também há arte, olha que espetacular escultura de vidro no meio da rua.
Seguimos pela rua Bressagio até o ponto do Vaporetto – Murano Faro, porém a bilheteria estava fechada. Ficamos nervosos, porém quando chegou o vaporetto nos informamos com o funcionário e o mesmo avisou que poderíamos comprar o bilhete com o próprio comandante, desde que a bilheteria estivesse fechada. Se a fiscalização pegar alguém sem bilhete dentro do vaporetto a multa é de e$50,00 + a passagem.
O retorno no pôr do sol foi, perdão de mais um clichê, a cereja do bolo. Passamos pela Igreja de San Michele, cemitério de Veneza desde 1806 e onde estão enterrados Ezra Pound e Igor Stravinsky. Para os querem vir morrer em Veneza, o destino real é (era) San Michele.
A vida continua sem o sol…
Chegamos em Veneza e a festa de carnaval estava verdadeiramente instalada. Na praça de San Marco o movimento era grande e as barracas com bebidas, doces e comidas com bastante gente em volta. Dentro dos cafés, elegantes senhores à caráter jantavam alegremente, como se fossem normais!
E no caminho das ruelas, eis que um garçom convence o nosso amigo a entrar em um restaurante. Logo perceberíamos que se tratava de mais uma artimanha, um embuste como o que Thomas Mann espelhou
“em frente à sua espelunca, um antiquário convidou, com gestos serviçais, o passante a parar, na esperança de ludibriá-lo. Isto era Veneza, a bela, a aduladora e suspeita – esta cidade meio conto de fadas, meio armadilha para forasteiros…”
“em frente à sua espelunca, um antiquário convidou, com gestos serviçais, o passante a parar, na esperança de ludibriá-lo. Isto era Veneza, a bela, a aduladora e suspeita – esta cidade meio conto de fadas, meio armadilha para forasteiros…”
Pois bem, conto logo a armadilha em que caímos. Não é que o garçom chamou nosso amigo para ver um peixe, cobrado pelo peso. Escolhido o peixe, o garçom leva para pesar e volta com um minúsculo pedaço de papel escrito “140,00”. Isso mesmo!! Este prato custou e$140,00!! Só o peixe e dois camarões, as vieiras foram cobradas à parte!!! Chamei o garçom e pedi para retirarem o peixe, quando este, sorrateiramente e já se afastando, falou – já está sendo preparado, já foi cortado, não tem como desistir!
Inicialmente nos sentimos enganados, ludibriados como verdadeiros tontos. Quando percebemos que era isso mesmo que tinha acontecido, começamos a rir sem parar., tomar nosso Chianti (único preço honesto da casa) e pensar que talvez tivéssemos que passar por uma dessa, já que a viagem tinha sido tão tranquila.
No final das contas, o peixe era gostoso, mas a conta, muiiiittttoooo salgada – e$260,00. Valeu a pena? Claro que não! Com este valor teríamos almoçado em um lugar muito melhor – Totalmente não recomendado! Anotem aí, passando em Veneza – Fujam do La gondola!
Hoje, quase um mês depois, olhando no Tripadvisor, pude perceber que não estou sozinha
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