O que conhecer em Salta no Norte da Argentina? Uma bela cidade histórica e surpreendentemente animada.
Com gracioso apelido La Linda, Salta é uma pequena joia colonial em meio às montanhas vermelhas que vimos em Jujuy (aqui em cores menos intensas).
Quem diria que entre visões exóticas como a Quebrada de Humauaca de Jujuy e a Quebrada das Conchas de Cafayate, conheceríamos mais do que uma vitrine arquitetônica antiga. Uma cidade animada, noturna.
Por outro lado, há que se esclarecer, Salta não é jovem, ou, ao menos, sua noite não é particularmente adolescente. A boemia se encontra nas Peñas, casas de shows que reúnem os turistas, ou ao menos aqueles que ainda guardam energia para a noite.
E esses turistas são normalmente casais mais velhos, como nós.
Em resumo, foram três dias na cidade e conto as melhores atrações nesse post.
O que conhecer em Salta
Teleférico San Bernardo
Uma atração obrigatória. Detesto altura e não vejo a menor graça em subir teleféricos ou coisas do gênero. O ser humano foi feito com os pés no chão e a mente no alto e não preciso provar o contrário. Menção honrosa apenas para aviões, que são fantásticos!
Qual o motivo para tanto desgaste e frio no estômago? Mas… Em cima do Morro de San Bernardo tem uma vista linda da cidade e uma bicicleta de vinhos. Sim, bicicleta de vinhos, preciso dizer mais?
Digo mais, tem várias quedas d’água perpassando todo o ambiente, restaurante, mirantes em 360º e um ambiente convidativo a um piquenique. É agradável, barato e para os estranhos que gostam de altura, divertido.
Praça 9 de Julho
A principal praça da cidade está no centro histórico e próxima de muitas atrações. Ficamos passeando em um domingo e foi interessante ver como a população sai às ruas para ouvir um som, fazer compras ou simplesmente prosear.
Ainda conhecemos a bonita Catedral, muito visitada por moradores. Foi construída no final do Séc. XIX em estilo barroco eclético.
A cidade de Salta tem 500 mil habitantes, mas uma atmosfera de cidade de interior. Visitamos a catedral em pleno domingo e estava bem cheia para a missa, do lado de fora pessoas jogando dominó em mesas improvisadas e grupos de jovens conversando.
Ainda assim, pudemos ver a riqueza da decoração em dourado da Catedral, que compete em beleza com a igreja mais famosa da cidade – A Igreja de São Francisco (à esquerda da foto).
Em volta da Praça 9 de Julho estão os principais museus da cidade: o Museu de Arqueologia de Alta Montanha que guarda as crianças da montanha e o Cabildo com o Museo Histórico del Norte, instalado na prefeitura.
A pegadinha está nos dias de funcionamento. Logo ao chegar na cidade se certifique que dias estará aberto na semana. Deixamos para a terça, já que a informação oficial era de que abria de terça a domingo de 10 a 18:30 hrs.
Por algum motivo especial, que não nos foi dito, o museu abriu na segunda e fechou na terça, o dia que tínhamos escolhido para visitá-lo. Fiquei sem conhecer.
Igreja de São Francisco
No segundo quarteirão próxima à praça está a grande atração arquitetônica de Salta, a Igreja de São Francisco. Ela domina a maior parte dos folhetos e propagandas do turismo de Salta e tem razão de ser, é muito bonita.
Foi construída pelos espanhóis logo no início da colonização argentina, em 1625, sofreu um incêndio e foi novamente construída em 1870, prédio que hoje conhecemos. Como a maior parte das igrejas dedicadas a São Francisco, sua decoração é majoritariamente dourada, com muitos objetos e pinturas banhados a ouro.
Sem dúvida, as cortinas de mármore de suas portas principais são muito interessantes e criativas.
As peñas de Salta
As peñas são bares/restaurantes onde acontecem shows folclóricos que podem contar da origem da cidade, das músicas, ou falar sobre algum compositor ou intérprete. Também podem referir-se à natureza particular da região ou atuar como um verdadeiro show de talentos, de acrobatas a violinistas.
Possivelmente, essa natureza festiva de Salta esteja mais presente em época de carnaval, quando visitamos. Mas as peñas estão abertas o ano todo e, ao que me parecem, com a mesma energia.
Fomos à duas: Uma mais antiga e tradicional – Peña Boliche Balderrama – e outra mais turística e jovem – La Vieja Estación. São experiências bem diferentes e complementares.
La Vieja Estación
A Peña La Vieja Estación é a mais famosa de Salta. Com um show bonito e bem cuidado, parece não haver improviso na execução. Tanto a qualidade dos dançarinos e cantores como o serviço nos impressionou.
Antes de mais nada, a Peña La Vieja Estação fica na principal rua de bares da cidade, a Calle Balcarce, com localização muito central, embora praticamente só houvessem turistas no local.
Gostamos dos pratos e a carta de vinhos também era interessante, embora um pouco mais cara do que em outros restaurantes de Salta. Durante o show, o serviço fica um pouco lento, então recomendo que peça logo ao chegar, antes da música começar.
Os shows iniciam às 21h e adentram a madrugada. O preço do espetáculo é 150 pesos.
Peña Boliche Balderrama
Com 66 anos de existência, a Peña Boliche Balderrama é um ícone noturno de Salta. Era um bar com comida regional, onde se reuniam os intelectuais e artistas locais, fundado por Antonio Balderrama e Remigia Zurita.
Os filhos transformaram o lugar em um grande e bem cuidado espaço, com serviço de primeira e um palco robusto. Gostamos muito do show e como éramos os únicos brasileiros no local, pagamos nossa cota de mico diário – tivemos que dançar “mal acostumado”, cantada com um portunhol de respeito.
A saber: Funciona de segunda a sábado durante o dia das 12hrs às 15 hrs a de segunda a domingo a partir das 21h. Também recomendo reservar se quiser um bom lugar no salão. Há cobrança de consumação mínima, que quando fomos em 02/2019 era de 150 pesos por pessoa.
Dicas práticas – Onde se hospedar
Com o intuito de conhecer melhor a cidade, ficamos em dois hotéis diferentes em estilo e localização. O primeiro próximo à Igreja de São Francisco, em uma rua fofa, repleta de lojas e restaurantes bacanas. O Villa Vicuña.
O Villa Vicuña é meu número de hotel, pequeno, atendimento personalizado e bem localizado. Em um casarão histórico decorado com personalidade e conforto.
Embora tenha gostado do Grace Cafayate, ao conhecer o Villa Vicuña fiquei com vontade de ficar em outro da mesma rede em Cafayate.
Voltando a Salta, também ficamos no Solar da Plaza, que fica em frente a uma praça bonita, com feirinha de artesanato e está a poucos passos da rua mais animada da noite de Salta – Paseo Balcarce.
Sem dúvida são estilos diferentes, esse é mais clássico, com quartos maiores e área de estar convidativa. O nosso quarto no Solar de la Plaza tinha uma janela enorme para a praça arborizada e por estar do outro lado da cidade foi uma ótima opção distribuir com o Villa Vicuña.
Também tem serviços de um hotel de quatro estrelas e o café é bom. Para quem quer conhecer as peñas e curtir a noite, é a melhor opção de localização.
Dicas práticas – Onde comer
Por certo, comemos muito e muito bem em Salta, bebemos muito e também muito bem. Se esse é seu tipo de viagem, estará no local certo!
Inicialmente, já buscamos um dos melhores restaurantes da cidade o Dueña Salta. Famoso por suas carnes e empanadas, não decepcionou nem com a trucha, peixe de água gelada muito comum na Argentina.
Mas as empanadas… são um caso à parte…
O marido disse que seu Ojo de Bife estava muito bom e eu aprovei com louvor as empanadas, especialmente com um ótimo blend da El Porvenir, também uma de nossas vinícolas favoritas em Salta. Aliás, falamos dela no post sobre a Rota de Vinhos de Cafayate.
O nosso segundo restaurante favorito foi o El Charrúa, próximo ao Hotel Villa Vicuña. Ele também é especializado em carne, mas pedimos outros pratos e não nos arrependemos. Estavam ótimos!
Esses foram acompanhados de um blend de Cabernet e Malbec – Nanni Reserva e um Torrontés excepcional da mesma vinícola, que infelizmente não realizamos a prova em Cafayate. Explicamos aqui o motivo.
Por fim, o restaurante Mesón de la Plaza. Dentro do Hotel Alejandro I, é elegante e tem um estilo mais conservador. Infelizmente não possui opções vegetarianas e foi a conta mais cara de Salta. Não posso dizer que foi uma experiência ruim, mas poderia melhorar.
Salta entrou em nosso roteiro pelo norte da Argentina, quando saímos de Jujuy a Cafayate. Com toda certeza uma ótima parada entre as duas cidades.