Acordamos atrasados com o dia muito frio (3º com sensação térmica de -1º, segundo a previsão do site br.weather.com). Muito frio, mas nada de anormal. Corremos para pegar o metrô e chegar na visita agendada para as 9h30min do Vaticano, mas erramos a entrada. Pelo mapa parecia que a entrada do Museu era ao lado da Praça São Pedro, mas, embora a saída seja na Praça São Pedro, a entrada se dá 1km depois. Resultado: correria e um quase choro meu, acreditando que não conseguiria entrar pelo atraso. Para a salvação geral, a precaução teve a sua recompensa: A fila de quem reservou pela net praticamente não existe, ao contrário da que dobra o muro do Museu pelo lado de fora (imagina no verão). Seguimos pela entrada à direita, para quem tem a prenotazione. Há um forte regime de segurança (parece o do aeroporto) e depois de passar por ele, na bilheteria, troca-se o ticket da net por dois cartões – informação importante, pois passamos direto e tivemos que voltar à bilheteria. Entramos, mesmo com 20min de atraso e o atendente nada disse, não pareceu se importar – à essa altura agradeci à origem latina e não britânica 🙂
Todo o nosso infortúnio poderia ter sido evitado. Logo ao atravessar a avenida que dá na Praça São Pedro, à direita, há uma placa muito discreta no muro (só a vimos na volta). Há outra placa na esquina – com Piazza de San Pedro. Ou seja, siga a seta.
Ao adentrar no Museu do Vaticano compramos um aparelho de audio guia e seguimos analisando a especialíssima coleção de arte egípcia que a Igreja Católica pilhou, ganhou, adquiriu, enfim… vimos a arte egípcia que está lá. Com direito a múmias e tudo – vê se não parece o mun–rá
Gostei mais dos tetos e do chão do que propriamente das obras de arte (ó a ignorância…), mas talvez porque achei a coleção do Louvre mais interessante e maior. Isto até chegar na Sala de Rafael. Já a riqueza dos tetos e o colorido do mármore no chão, chamam atenção e demonstram a preocupação com a beleza em todos os níveis. Nunca vi tantas cores de mármore, preocupação com os detalhes ou, nas palavras do marido, não tem espaço para mais nenhuma pintura, afresco, dourado, abóbada, tudo está preenchido.
A quantidade de gente em pleno inverno
A sala de Rafael, na verdade um conjunto de salas, é verdadeiramente especial. O frescor dos afrescos e sua nitidez, mesmo após cerca de 500 anos é de impressionar
Na sala principal, e mais lotada, o detalhe em que o artista sorrateiramente pinta o seu auto-retrato no quatro A Escola de Atenas, 1509.
E as escadas: a primeira é a da saída, a segunda a de chegada. Será que as curvas contribuem para o êxtase… A primeira é de Giuseppe Momo de 1932, a segunda não localizei a autoria.
O ápice, o Macchu Pichu do Vaticano, é a Capela Sistina. Propositadamente, acredito, há um longo labirinto da sala de Rafael até a capela, são subidas, descidas, salas de arte contemporânea (que seriam muito interessantes, se minha barriga não estivesse gelada e minhas mãos suando de ansiedade…).
Enfim, chegamos: uma capela, que não parece capela, pois não tem cadeiras ou altar, apenas paredes ricamente decoradas, ricamente não, explendorosamente decoradas. Coloquei o zoom da máquina para enxergar e veio logo um guardinha para avisar – no fotos, no fotos, no pictures, no pictures… – tentei argumentar, em vão – o astigmatismo não permitia enxergar como deveria os detalhes das pinturas. A ausência de cadeiras forçava o torcicolo…. Tentei guardar em mim a beleza do que quase enxerguei… e, obedecendo a regra (ao contrário da maioria) voltei sem nenhuma foto.
Para quem não comprou o audio-guia há uma saída à direita da Capela Sistina que dá direto na Praça São Pedro ou na Cúpula (e$7,00), porém quem está com o audio tem que retornar tudo até o Museu para devolver e pegar o documento deixado como garantia – como nos arrependemos… quando saímos do Museu, chuva, chuva, muita chuva. A única compensação – olha que vitral lindo no final do Museu
A chuva deixou a Piazza um pouco deserta
Mas não diminuiu a enorme fila para a Basílica de São Pedro. O mesmo regime de segurança, mas não há ingresso. No caminho, a guarda Suiça fazendo seu trabalho.
Adentramos a Basílica, para nossa sorte, já que a chuva caía em tijolos. Lá, um pé direito como nunca vi… Não há como tirar fotos, como explicar, é só uma imensidão do chão ao céu, que nos faz acreditar na humanidade e esquecer qualquer aspecto político do que levou a construir aquilo. A cúpula de Michelangelo.
Uma das coisas mais impressionante da Basílica é o Baldaquino, o altar de bronze dourado, sustentada por colunas de 20m e projetado por Bernini. Apenas o Papa pode celebrar missas neste altar.
Detalhe lateral
A ausência de cadeiras nos impressionou, apenas em algumas salas há cadeiras, protegidas por seguranças, que parecem aceitar apenas quem está realmente comprometido com a peregrinação. Um grande grupo desceu uma escada à esquerda da Basílica, acreditando ser uma passagem secreta, seguimos – eram os sarcófagos, onde estavam guardados os restos mortais dos papas. Não conseguimos localizar, quando tentamos voltar para a basílica: surpresa, só dando toda a volta.
Saímos as 13h em plena chuva, que, poucos minutos depois, se tornou uma fina camada de neve. Não encontrávamos taxi, o metrô estava longe, então, pernas… No guia da folha havia um restaurante próximo: Da Cesare. Fomos até ele, próximo à Piazza Adriana – final do Castelo Sant’Angelo.
Aparentemente estava fechado, mas, ao empurrar a porta, demos com uma lagosta viva em um aquário e vários mariscos frescos expostos, pedimos uma mesa e de entrada pedimos um Polvo com batatas – bem macio, mas nada extraordinário. De primeiro prato pedimos: Fettuccine al Ragu a la Chianina (raça de boi registrada e controlada vinda de Val di Chiana)
E risoto di fruti de mare
Os dois estavam bons. Tomamos um vinho da casa razoável. Ao sair do restaurante vimos que a chuva tinha aumentado. Andamos um pouco, mas era impossível, a meia começava a molhar e os indianos com guarda chuva não apareciam. No final, quase chegando à ponte do Castelo de Sant’Agelo, encontramos um indiano que nos vendeu um guarda chuva a e$8, 00 e nos permitiu chegar em casa. Na foto não dá para perceber – mas estava chovendo bastante. Vista do rio Tibre
Fomos ao hotel para secar as roupas e descansar. Quando acordamos olha o que nos esperava:
Tentamos seguir para a Praça del Popolo, mas a neve estava muito forte. Voltamos das Igrejas Gêmeas, a Via del Corso estava assim:
O problema era o frio, não, o problema é que a neve fica escorregadia e se torna lama, molhando o sapato e meias. Decidimos parar em um restaurante próximo ao hotel – Osteria del tempo perso.
O marido foi de camarão com avocato (quem lembrava que avocato era abacate…)
Tomamos um Rossio de Montalcino do Castelo Banfi, maravilhoso!!! (garantidas duas botellas na mala, rsrs)
Dividimos um prato principal, este realmente diferente, apimentado, quente, surpreendente! O melhor que comemos até agora – eu levo o crédito. Gnochi al fruto di mare e funchi.
Dividimos um prato principal, este realmente diferente, apimentado, quente, surpreendente! O melhor que comemos até agora – eu levo o crédito. Gnochi al fruto di mare e funchi.
Finalizamos com um limoncelo
Atendimento espetacular, muito agradável, apesar de ser um garçon para 4 mesas, duas grandes. Foi o primeiro restaurante em que os 10% vieram inclusos na conta e que não recebeu cartão de crédito, mas, com este gnochi, compensador!!
Ao sair do restaurante, a neve estava bem fraca, mas a sua violência em pouco mais de 3horas dava para perceber
Espero que amanhã faça um tempo bom, ao menos sem chuva ou neve, para que possamos conhecer Roma verdadeiramente.
1 Comentário
Luka Santos
11 de fevereiro de 2012 em 10:34Agora to vindo aqui todo dia acompanhar sua aventura.Não tenha dúvida que está sendo uma super utilidade pública, principalmente para marinheira de primeira viagem como eu..kkkkkk
Minha atual psicose é entrar em site de meteorologia pra ver o tempo em Roma.Pelo que ando vendo, do dia 14 em diantes começa a melhorar, tendo um pouco de neve lá pro dia 16 e a partir daí a tendência é pelo menos parar de nevar e chover e continuar o frio.
Amanhã volto aqui pra ver a aventura de sábado!
Beijosssss e ótima viagem!!:***