Viagens Invisíveis

Roma: Adeus à onda da Sibéria e a vida como ela parece ser

Começamos o dia pela orla do Rio Tibre, desde a Piazza Del Popolo até o Castelo de Sant’Angelo, passando pelo  Museu Ara Pacis e por belas construções em tons ocre. O objetivo era a Ponte de Sant’Angelo conhecida também como a Ponte dos anjos de Bernini, os 12 anjos que abençoam a passagem.

 

 
Seguimos para o Castelo, mas estava fechado, logo ao lado uma excelente vista da Piazza São Pedro, com a Basílica. 

Ao atravessar a ponte …. chegamos ao Campo de Fiori e logo percebemos que estávamos em um lugar um pouco menos turístico, se é que isso é possível em Roma.

 

O café da manhã nos confirmou a impressão – 2 capuccinos + 1 mixto quente = 4,9 euros, uma pechincha para os padrões romanos. O capuccino parecia mais cremoso do que o “melhor” que tomamos ontem. 

 

No Campo de Fiori várias lojas estavam abertas,embora fosse domingo, alguns outlets, lojas mais baratas e alternativas. Logo chegamos no Mercado de Campo de Fiore, poucas barracas, não compatíveis com a fama e outras fotos que vimos. 

 Acredito que a neve afugentou muitas barracas. Ainda assim, muito charmosas, as barracas de tempero e produtos típicos, como massas e embutidos, e mais de 8 tipos de tomate seco.

Para continuar com o programa – a vida como ela é – seguimos para Trastevere, bairro boêmio à noite, mas que durante o dia, parece um bairro possível, com padarias, mini-mercados e pequenas lojas, totalmente diferente do centro histórico, com seus cafés e lojas de grife. 
 

Antes, porém, passamos por algo quase irreal, totalmente insólito: uma ilha no meio da cidade e do rio, em formato de barco – Isola Tiberina. Abriga um hospital e sua existência está associada à proteção de Roma contra a peste.

 Ao lado da Igreja de Santa Maria de Trastevere está o burburinho, dois bares no centro competem de forma desigual, o primeiro serve suco de laranja, muito cheio, e o segundo vinhos e petiscos. 

Adivinha qual escolhemos… Devidamente servidos com um delicioso Chianti, observamos a vida passar, tentando nos despir da fantasia de turista e ingressando neste misterioso modo de viver, no dolce far niente, durante alguns minutos. As crianças brincando no gelo que restou da madrugada, o casal de japoneses com laptop, tablet e um bebê, a americana vestida à Janis Joplin, a pedinte e suas vestes de lã puídas, a senhora de casaco de pele e seu pincher vestido com detalhes dourados… 15 minutos e uma aula de humanidade, pois do pouco que nos une, posso afirmar – estávamos felizes de estar em Roma. 

A Igreja de Santa Maria de Trastevere foi a primeira igreja cristã de Roma, em uma época em que cristianismo era religião das minorias, mas ao contrário do que esta informação possa sugerir, a Igreja já apresenta todo o luxo e poderio (por certo que muitas coisas foram acrescentadas no decorrer do século), mas ao contrário dos comuns afrescos, se destaca pelos belíssimos mosaicos. 

De comum, apenas o espetacular teto  e as janelas amarelas que permitem uma luz etérea, dourada, a banhar as pesadas colunas. Mesmo para os ateus, parece um convite ao deleite religioso.

Um cheio de incenso constante, as velas acesas e outras derretidas em seu último suspiro de cera, nos lembra de que era uma Igreja em funcionamento e não apenas uma atração aos ávidos turistas.
Seguimos por dentro de Trastevere em busca do mercado de Porta Portese, após mais de 30 minutos de caminhada e muitas voltas, encontramos (uma dica: é mais fácil chegar pelo Rio Tibre, após a ponte da Piazza Boca della Veritá, na segunda à direita), está a Porta, interessante, não?  

Já o mercado em si não nos agradou. Parece um grande camelódromo, com peças de qualidade duvidosa, falsificações. É possível se comprar roupas de frio por 1 ou 2 euros, porém em balaios e sem possibilidade de experimentar.

 Não compramos nada e seguimos para a Piazza Boca della Veritá. Logo em frente estão os templos mais bem conservados de Roma, Hércules.

 
A boca della veritá fica dentro de uma Igreja e se cobra 0,50 pela foto, não entramos pela fila, demos o azar de chegar um ônibus de japoneses logo antes de nós.
Passamos pelo Circo Máximo, hoje um grande descampado de piso de cascalho, desconfortável para  caminhar. Só dá para ter uma idéia de como era com muita imaginação, dá crer que cabiam 300 mil pessoas para assistir às corridas de cavalos?
 
Ao lado do Circo Máximo vemos o Palatino em uma colina e do outro lado a outra colina que margeia Roma. Metrô direto para a Piazza della Republica ver a ninfas. 
 Esta fonte ficou por um bom tempo coberta, pelas ninfas terem sido consideradas pornográficas, uma hipocrisia considerando as festinhas das cortes romanas…
Ao chegar percebemos, como o nome sugere, que se trata do centro administrativo de Roma, muitos prédios públicos, comisaria de polícia e prédios de escritórios. Procuramos um dos restaurantes do Guia Folha, mas dois indicados estavam fechados. Aos domingos se trata de um local um pouco inóspito, à nossa frente vimos um homem arrombar um carro para levar um ipod, ruas desertas e nada amigáveis, alguns prédios abandonados. Decidimos sair logo dali, quando, como que por milagre (já estávamos azuis de fome) encontramos o Life, ao lado do hotel da rede Best western. 
 
Estava vazio, como todo o bairro, mas o atendimento muito cuidadoso, com direito a música brasileira (o garçon nos perguntou se éramos brasileiros e logo começou a tocar Tom Jobim)., um chianti e um rosso de Montepulciano.
O marido foi de spagueti ao vongole
 

 e eu fui de amatriciana. Ponto para mim.

 

Também aproveitei para provar o primeiro tiramissú da viagem e não me arrependi, creme muito leve, aerado, café na medida certa e biscoito macio, mas não derretido, um espetáculo!!!!!!

Saímos do restaurante leves e bravos, prontos a desafiar qualquer ladrão de ipod.
Rumo à Galeria Borguese, à pé, passamos por fontes e prédios interessantes.
Mais uma vez a decepção – Galeria Borghese fechada! E o dia tinha sido de sol, não nevou uma vez sequer, mas, ainda assim, eles não abriram à visitação. Vários turistas desolados na porta… A Galeria fica longe do centro, não tem ponto de metrô próximo, o parque torna ainda mais frio o tempo… tudo conspirando para uma irritação premente, mas não nos deixamos abater. Na Piazza Del Popolo o carnaval estava em pleno vapor, com apresentação de cavalos e cavaleiros, pernas de pau e muita gente fantasiada. Uma coisa chamava a atenção, a ausência de música.
Obs – top 10 da MTV de Roma – Michel Teló – ai se eu te pego. À noite esperamos um grande amigo chegar para nos acompanhar nesta aventura. Para comemorar tínhamos escolhido o Mario a La Vitte, mas, assim como muitos no dia de hoje, estava fechado. Entramos em uma pizzaria que estava cheia e não nos arrependemos. 

Ambiente descolado e bonito Pedimos champagne para comemorar, como a ocasião demandava (após o brinde, fui de Chianti com medo da ressaca). 

 

De antipasto pedimos uma seleção de queijos artesanais – alguns deliciosos, outros muito fortes – e uma brusccetta al pomodori.

 O marido foi de fettuccini com funggi porcini e trufas negras, eu e o amigo de ravióli ao toque de limão com mussarela.

Ponto para o marido, quer dizer, para mim, pois o marido não amou o prato e nós trocamos, para a minha felicidade…

Tim-tim. 
Sair da versão mobile