O dia amanheceu totalmente encoberto, o que impossibilitava a ida ao Corcovado. Decidimos ir ao Centro e provar um pouco da história do Rio e seus botecos. Pegamos o Metrô em Ipanema – Praça General Osório e rapidinho estávamos no Largo da Carioca (por R$3,20 – tarifa do metrô). Logo que chegamos procuramos a Confeitaria Colombo, marco da belle époque de 1894. Realmente belíssima.
Adentrar na Colombo é realizar uma viagem no tempo, porém o serviço nos insiste em devolver à realidade. Esperamos mais de 1hora para virem limpar a mesa e nos atender, mais 30 minutos para a conta, e isso porque somos bem “reclamões”. Duas mesas com estrangeiros foram embora sem serem atendidos. Uma dica: entre, tire as fotos, se delicie com o lugar, não esqueça de olhar para cima…
… e depois faça como os cariocas: vá para o balcão, peça um magnífico chocolate quente e aprecie a vista dos que, desesperadamente, imploram para ser atendidos nas mesas.
Com esta dica vai economizar tempo e paciência e vai perder o charme de ser servido com este jogo de chá. Enfim, toda escolha é dolorosa…
Seguimos para a Cinelândia, onde estão o Teatro Municipal (estava fechado) e a Biblioteca Nacional, cuja visita já estava esgotada. Reservar estes locais são imprescindíveis e o preço que se paga por não planejar. Ficou o gostinho oferecido pela belíssima arquitetura da escada da Biblioteca
E pela cúpula do Teatro Municipal (esse ao menos adentramos no dia anterior, segunda não abre)
Se não tem praia, não tem teatro, nem museu tem Chope!! E logo em frente à Biblioteca Nacional tem o Amarelinho, tradicional boteco do Rio, cheio de executivos que aproveitam o horário do almoço para fazer uma farta refeição. O local, reduto da boemia carioca nos anos 30, ainda tem aquele ar do passado. Decidimos provar o frango à passarinha, só esqueceram de avisar que a porção era para 6 ou 8 com média fome!
Na cinelândia haviam muitos manifestantes acampados e enfim pude entender a música “se esta palhaçada fosse na cinelândia ia juntar muita gente prá pegar na saída”. Com esta vista para o Teatro Municipal nos despedimos do centrão.
Do Amarelinho fomos a outro clássico carioca – o Bar do Luiz – em que a salada de batatas divide com o chucrute a fama do restaurante “não alemão” mais famoso do Rio. No caminho, as maravilhas de um centro, quando conservado.
O site conta que este restaurante-bar com 117 anos foi defendido por Ary Barroso quando do fim da segunda guerra mundial por vender comida alemã e ter o indefensável nome de Adolph, em pleno momento de repúdio ao nazismo. A fachada nem dá para entrever a história deste lugar, se não tivessemos a indicação, com certeza passaríamos sem notar.
Comemos um clássico: salsicha branca, salsicha viena, salada de batata, chucrute e costela de porco defumada. O lugar é simples, não é barato, mas vale pela história, por ser único e ainda resistente e, definitivamente, pela salada de batatas.
Depois deste “light” almoço voltamos, embaixo de grande chuva para Ipanema, no novo metrô decorado com obras de arte, como este lindo desenho com poema de Zuenir Ventura.
O triatlon (colombo – amarelinho – bar do luiz) produziu um efeito talvez esperado – sono! Apenas à noite retomamos a boemia e fomos ao Quadrucci, um restaurante italiano bem moderninho e cheio de globais. Fica em uma das ruas mais movimentadas do Leblon, bem próximo ao sushi leblon, ao La mole e ao Venga, bar de tapas que, desconhecendo que era segunda, também estava lotado.
Começamos com uma bruscheta, que, em verdade, árecia mais umas torradas com recheio (o pão era seco e bem crocrante. Também fomos de ceviche de frutos do mar, nenhum espetacular. Tomamos um belíssimo vinho da Africa do Sul, o Avondale Pinotage 2008.
De fondo, fui de Taglioline ao molho de mascarpone e limão siciliano com camarões grelhados R$ 45,00
Nage de frutos do mar – Lula, camarão, lagosta e peixe em seu caldo com açafrão e legumes, acompanhados de arroz de limão R$ 69,00
Ravioli negro de camarões com aspargos em redução de tomate cereja com tomilho 45,00
Nhoque funghi gratinado com Grana Padano ao perfume de trufa 43,00
Para a sobremesa: Um créme Brullé (o creme em si estava excelente, só não sei quem deu a idéia de colocar pêra nele (talvez o chefe, rsrsrs), ficou um pouco aguado e ainda totalmente dispensável)
O vencedor, apesar da horrenda foto, foi o nhoque, muito leve, muito saboroso e totalmente diferente do que estamos acostumados a sentir em um nhoque.
Para não terminar a noite sem um reduto da boemia carioca, como de costume, fomos a pé para o Jobi, bar-boteco muito tradicional.
Já era madrugada, plena segunda, mas estava lotado! Acho que deveríamos ser mais cariocas e menos baianos algum dia, em Salvador a noite termina cedo.
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