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O Mar Morto da Jordânia, entre duas fronteiras

Mar morto da Jordânia

O Mar Morto delimita as fronteiras entre Israel e a Jordânia, dividido ao meio entre os países, o Mar Morto da Jordânia é a parte menos conhecida e visitada. Como seria um dia de praia em uma monarquia muçulmana?

Uma pequena praia no mar morto da Jordânia
Uma pequena praia no Mar Morto da Jordânia

A Jordânia é uma monarquia constitucional desde 1952, não ficou livre dos protestos na primavera árabe, mas o Rei Abdullah contornou os protestos com algumas reformas e conseguiu se manter no poder, diferente de outros líderes como do Egito e da Tunísia.

E o resto é só a imensa planície
E o resto é só a imensa planície

Como a maior parte dos países da região, tem como religião o islamismo, mas é considerado mais tolerante que outros, como o Irã ou Arábia Saudita. Tivemos pleno acesso à internet, mas alguma dificuldade em conseguir bebidas alcoólicas fora do hotel ou do ambiente turístico.

Partimos de Petra, descendo a montanha em uma van e seu precário ar condicionado. Ao lado, turvado pela sujeira das janelas, um deserto tão isolado e inóspito que foi o cenário para o filme “Perdido de Marte”.

Cenário de perdido em Marte, entre Petra e o Mar Morto
Cenário de perdido em Marte, entre Petra e o Mar Morto

Quem assistiu ao filme pode duvidar que tanta terra vermelha é vida real, é lugar no mapa mundo, mas sim, é terra habitada e há milhares de anos. No sopé da colina, abaixo do nível do mar, está um dos tesouros da natureza, o Mar Morto da Jordânia.

Os caminhos até o Mar Morto da Jordânia

A dificuldade em conversar com o motorista e o google tradutor que não funciona na aridez do sinal de internet, fez com que a viagem fosse tranquila e silenciosa.

Ao sairmos do deserto, paredões de montanha, planícies a perder de vista, novamente pedras e mais e mais longas vistas sem fim no horizonte.

Dromedários no caminho, mar morto da Jordânia
Dromedários no caminho, Mar Morto da Jordânia

Surpreendentemente, uma paisagem bem tediosa, não fosse um princípio de sal que apontou do lado esquerdo da estrada. Esse sal era o prenúncio do Mar Morto, o mar mais salgado do mundo, tão salgado que é impossível afundar, tão salgado que nenhuma vida é possível em seu interior.

Água viscosa e salgada, mar morto da Jordânia
Água viscosa e salgada, Mar Morto da Jordânia

O motorista nos levou para almoçar em uma barraca de praia, parecia um clube social, com piscina beirando o mar e muitos carros no estacionamento. Lembrei de minha infância e dos vários clubes desse tipo que faziam sucesso na Salvador dos anos 90. Todos hoje extintos.

Enquanto descemos pela escadaria, que se queria suntuosa de concreto, a visão das mesas aparecia, repletas de refrigerante e água, brinquedos e sacolas. Na piscina, crianças e homens, nas cadeiras mulheres de abaya e hiyabs.

Abaixo e avante, mar morto da jordânia
Abaixo e avante, Mar Morto da Jordânia

Nos hospedamos em um moderno resort, algo não muito comum nesse blog, nosso tipo de hospedagem é outro, mas não há muitas opções no local. A edificação muito bonita, contrastava com alguns pontos um pouco ultrapassados para um hotel de praia, como carpetes e as muitas salas de convenções.

O resort e o oásis no coração do deserto de sal

Nos arrumados e partimos logo para o mais aguardado – o Mar Morto da Jordânia.

O hotel Marriot foi construído no declive, utilizou a encosta da montanha para criar um clima de oásis, palmeiras e fontes completam a ilusão. A descida chega a dar vertigem, se caminha muito até chegar à praia e, quando se chega, desce-se mais.

O Mar Morto não é apenas um fenômeno das águas, é um fenômeno arquitetônico. Nas suas duas margens, montanhas imensas delimitando países antes inimigos, hoje ditos amigos. Para quem atravessou a fronteira, diria que com a animosidade de vizinhos antigos.

Mar morto da Jordânia
Mar Morto da Jordânia

Logo chegamos na praia, poucos hóspedes, poucas cadeiras, nenhum local. Sapatilhas de vários números para os pés não sofrerem com as pedras do fundo do mar.

É muito difícil controlar a empolgação infantil de nunca afundar. Algumas horas dentro da água, contudo, são suficientes para uma desidratação grave. Não se recomenda mais do que 30 (trinta) minutos dentro da água.

Amor no mar morto
Amor no Mar Morto

Outro atrativo é a lama dita medicinal, não fede, mas não deixa de ser lama. Muitos acreditam no poder medicinal da argila e se besuntam até os olhos e cabelos, as aparências por vezes ficam mais interessantes que o Mar Morto.

Ainda assim passamos tempo suficiente para o corpo começar a sentir o sal, a água viscosa, a sensação de calor, uma temperatura que não parece vir do mar, mas do corpo para a água e retornando para o corpo.

Praia cheia de crianças
Praia cheia de crianças

De volta à piscina, dessa vez no hotel

De volta à piscina, na parte elevada do hotel, novamente muitos turistas, poucos locais. Novamente, muitos homens na piscina, poucas mulheres.

Pela primeira vez na vida vi um burquíni, uma versão para praia da abaya. Não me senti constrangida por ela, ela não pareceu se sentir constrangida com o meu maiô.

Aparentemente, somente por estar naquele lugar, somente por nadar na piscina, ela já deve ser de uma família não muito conservadora. A sua posição de única mulher de burquíni a nadar, já era um ponto dissonante, que aplaudi mentalmente.

Oásis em meio ao deserto e ao sal
Oásis em meio ao deserto e ao sal

O Mar Morto da Jordânia não deve ser diferente do Mar Morto de Israel, mas por ser um país mais fechado, muçulmano e conservador, a experiência de praia pareceu ser única.

Em verdade, talvez o Mar Morto da Jordânia divida mais do que dois países, talvez marque um ponto entre dois pontos de vista, entre dois conceitos, duas religiões, ocidente e oriente.

Um por do sol em Israel
Um por do sol em Israel

Ou talvez, seja que isso que queiram que pensemos.

Contudo, ao estabelecer essa fronteira dentro do mar, talvez tenham esquecido de um ponto importante: nada vive no Mar Morto, nem as diferenças.

Dicas práticas do Mar Morto da Jordânia

A escolha do hotel

Antes de mais nada, escolhemos o Dead Sea Marriot por admitir crianças no quarto. Incrivelmente, alguns hotéis da região somente aceitam duas pessoas no quarto e ofereciam um quarto de solteiro para uma criança de 11 anos.

O luxo do interior do hotel Marriot Dead Sea
O luxo do interior do hotel Marriot Dead Sea

No Dead Sea Marriot ficamos em uma suíte de dois quartos e em um quarto triplo. Todos muito confortáveis e limpos.

Mas o melhor do hotel é a vizinhança: ele fica ao lado do shopping da região. Não é um shopping dos padrões brasileiros, mas possui algumas lojas e o principal: um mercado e dois pubs.

O pub, nosso puxadinho ao lado do hotel
O pub, nosso puxadinho ao lado do hotel

Como o hotel é isolado, longe da cidade Sowayma, é excelente ter um lugar para comprar água mais em conta, tomar uma cerveja a preços aceitáveis – em relação ao padrão jordaniano, de R$50,00 em um chope de 500ml.

No hotel, pagamos esse preço por um chope de 250ml.

Com efeito, serve também para desanuviar da atmosfera de confinamento de resort. Sei que muitos gostam da experiência e não consideram dois dias em um resort como um confinamento, não sou essa pessoa.

Mais dromedários no meio da estrada
Mais dromedários no meio da estrada

Também em Manaus, estivemos em um cruzeiro e meu maior medo era o confinamento, e também não senti tanto pelos passeios. Talvez esteja começando a me adaptar a esse tipo de lugar, será?

Como chegar

De início, contratamos com o hotel de Petra, Buble Luxotel Petra, para nos pegar na fronteira terrestre de Israel com a Jordânia pela cidade de Eliat. É a fronteira mais tranquila de ingresso, pois possui o serviço de imigração durante todo o dia. Custou U$700,00 para 07 pessoas todo o transfer por 07 dias.

Após Petra, o mesmo motorista nos levou até o Marriot e, dois dias depois no levou até a ponte Hussein, de onde voltamos a Israel. A ponte tem um serviço mais militarizado e controlado por estar em um ponto mais central do país, mas não tivemos nenhum problema.

Assim, conhecemos a Jordânia em uma viagem combinada com Israel, na Jordânia conhecemos Petra e trouxe minhas impressões nesse post.

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1 Comentário

  • Responder
    Raquel Cardoso Guirra
    2 de fevereiro de 2021 em 18:27

    Que lindas imagens… saudade de viajar!

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