*****Este post faz parte da blogagem coletiva Viajando nas Quatro Estações.
Malta é uma pequena ilha no meio do mar mediterrâneo, entre a Itália e a Tunísia. Um verdadeiro balneário muito visitado no verão, quando se pode curtir as altas temperaturas e águas azuis das lindas ilhotas de Gozo e Comino, emolduradas por cânions e grutas. Mas e o inverno em Malta, vale a pena?
Conhecemos Malta no Réveillon de 2016 e passamos duas semanas inteiras, na primeira passeamos e na segunda fizemos um curto intercâmbio com aulas particulares pela Ace English School.
Nestas duas semanas o tempo ficou estável, apenas um dia de chuva, com sol e temperatura agradáveis de 15º a 23º. O inverno em Malta não é rigoroso, nem chuvoso, apenas com um vento frio suportável que até ajuda as longas caminhadas.
O nosso principal interesse em Malta era estudar inglês (o país foi colonizado pelos ingleses e, junto com o maltês, é a língua oficial) e conhecer um pouco da fascinante história que remonta à idade média e arquitetura incrível, que mistura casarios antigos com uma natureza diferente.
Então, para quem busca praias, agito, gente e movimento não é a melhor época de se visitar. No verão os estudantes do mundo inteiro invadem Malta e o lugar ferve, principalmente em Saint Julians, Paceville e Sliema. Como não somos adeptos da balada, nem das multidões, achamos ótimo conhecer Malta no inverno e pegar a maioria dos lugares praticamente vazios.
O que fazer no inverno em Malta?
Valletta
A cidade de Valeta, capital de Malta, concentra a maior parte dos museus do país e dos atrativos turísticos. É patrimônio da Unesco e o skyline a partir dos seus jardins é realmente impressionante. Uma das vistas mais bonitas que já vi na vida.
Upper e Lower Barrakka Gardens.
Os jardins de Valeta são ótimas atrações no inverno, quando o clima ameno permite ficar em locais descobertos aproveitando um pouco de sol, sem se torrar. Passamos algumas horas entre o Lower e o Upper Gardens, também conhecidos como Barrakka onde se tem internet grátis, bancos e o melhor por do sol de Malta. Dos dois jardins se vê as ilhas penínsulas de Senglea, Cospicua e Vittoriosa, que também podem ser admiradas do Forte de São Elmo.
No parque de baixo, o Lower, há o Sino de Malta, um imenso monumento em homenagem aos 7.000 mortos malteses da 2º Guerra Mundial. Em frente ao sino, há um corpo em bronze posicionado bem alto e apontando para o mar, um corpo indistinto, não se sabe se de homem ou de mulher, coberto por um lençol fino.
O sino se dobra por este corpo, pelos soldados e pelas pessoas mortas de 1940 a 1943, quando Malta foi sitiada e bombardeada fortemente pelos nazistas e facistas. Atrás dos arcos há um belíssimo jardim com bancos e um monumento grandioso. Os dois jardins foram criados em 1661 pelo italiano Flaminio Barbiani, e ainda se pode conhecer a colunata do Século XVI que antecede a balaustrada e a visão das ilhas.
O Upper barrakka garden está a 800m do Lower e depois de tanta história, é interessante passar pelas bonitas ruas de Valeta e lembrar como foram praticamente destruídas há menos de 80 anos atrás.
Os Caravaggios da Co-Catedral de San Juan
Ainda em Valeta, um dos maiores tesouros do país fica muito bem guardado na Co-Catedral de San Juan, o maior quadro de Caravaggio e o único que o artista assinou: A decapitação de São João Batista. A vantagem de conhecer no inverno é que a fila, que parece grande, fica enorme no verão, com os vários navios atracados no porto de Valeta e as suas excursões.
As laterais da catedral foram decoradas em homenagem a cada uma das línguas da Ordem de São João, dos cavaleiros de Malta (fizemos um post sobre o museu dos cavaleiros aqui). É tanto mármore, tanto dourado, que por um segundo esquecemos o que realmente fomos fazer ali: ver Caravaggio.
Não é possível fotografar a sala em que estão os dois quadros de Caravaggio – A decapitação de São João Batista e São Jerônimo, ambos de 1608. Caravaggio fugiu para Malta após ser condenado por homicídio em Roma e, por seu trabalho na Co-Catedral, foi nomeado Cavaleiro pela Ordem de São João durante 06 meses. Após uma briga com outro Cavaleiro, foi expulso da Ordem e preso pelo Gran Mestre. Morreu apenas dois anos depois na Itália.
Tanto a decapitação de São João Batista, quanto o São Jerônimo são obras carregadas de expressividade, dramaticidade e, no caso de São Jerônimo, compaixão.
São Jeronimo, Caravaggio. Foto de Rodnei
Após a Catedral, vale a pena passear pelas ruas comerciais de Valeta, que no inverno fica ainda mais bonita pela decoração de Natal.
Os jardins funcionam todos os dias das 07h às 22h e a Co-Catedral de segunda à sexta das 09:30 às 16:30, com última entrada às 16:00 e aos sábados das 09:30 às 12:30hrs.
Estudar inglês em Malta
Malta é muito procurada pelas variadas escolas de inglês que oferecem cursos de longa e curta duração a preços mais acessíveis que em outros lugares da Europa.
Por estarmos no inverno, pagamos cerca de 30% a menos do que no verão, já que a demanda é bem menor, quando os estudantes voltam para o país de origem para as festas de final de ano. Se sua pretensão é aprender um pouco mais da língua inglesa, vale a pena ir no inverno, quando as turmas são menores e os preços melhores.
A ilha de Vittoriosa
Passeamos por um dia na ilha de Vittoriosa, do outro lado de Valeta, e ficamos com um misto de saudade e arrependimento, por ter dedicado tão pouco a uma parte tão linda do país.
O clima das ilhas é de verdadeiro far niente, muitos bares na frente das marinas, pessoas passeando, andando de bicicleta e patins, apreciando carros antigos estacionados na beira do cais.
Algumas pessoas deitadas curtindo o sol nas pedras da praia, outras simplesmente apreciando da mureta, e observando todo este movimento um casario extremamente preservado (mais que em Valeta) e habitado (também mais do que em Valeta).
Uma coisa que me impressionou foi a quantidade de gatos de Vittoriosa e como os malteses são cuidadosos e queridos com eles. Vimos diversos pratos de água e comida do lado de fora das casas, algumas casinhas de plástico ou mesmo caixas de papelão com almofadas nas ruas. Tudo muito limpo e tranquilo, o que demonstra que a presença de animais de rua não precisa ser um estorvo, desde que as pessoas sejam solidárias e responsáveis.
Existem outras ótimas atrações em Malta no inverno, como as cidades de Medina e Rabat e os monumentos arquitetônicos como Hipogeo e os templos de Ggantija.
Se nada do que dissemos te convenceu a passar o inverno em Malta, vai o último e matador argumento: Em que outra estação do ano, poderíamos provar um delicioso e autêntico merlot maltês na rua, em temperatura ambiente?
Para manter a sinceridade com nosso leitor, também há problemas em visitar Malta no inverno, é a estação dos ventos. Em alguns passeios de barco, como o da Gruta Azul, que estava fechado por conta dos fortes ventos.
Outros blogs muito legais participaram desta blogagem coletiva, vale a pena conferir as estações do Ano nos Estados Unidos, na Espanha, Canadá e América do Sul.
– Destinos por onde andei… – Primavera em Nova York
– Mariana Viaja – Verão na Espanha: passeios em Barcelona e Madri
– Outro blog – Inverno em Banff | Montanhas Rochosas Canadenses
– A Casa na Mala – Qual a Melhor Época do Ano Para Viajar à Europa?
– Por aí com os Pires – Flórida no verão
– Família Viagem – As cores do outono em Seattle
– Pegadas na Estrada – Outono na Islândia, uma estação surpreendente!
– Viajonários – O que fazer na Califórnia no inverno
– Foco no Mundo – Como sobreviver ao inverno europeu
– O Melhor Mês do Ano – O que levar para o Atacama em cada estação do ano
– Escolho Viajar – Patagônia no verão – a melhor estação para a visitar
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– Vaneza com Z – 10 coisas para fazer no Verão em Salvador
– Cantinho de Ná – Como é New York na primavera
– Viagens que Sonhamos – Inverno na Serra Gaúcha
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– Apure Guria! – Sobrevivendo ao inverno na Nova Zelândia
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