Quando pensei em dormir com conforto na Bolívia, lembrei logo de uma amiga, bem baiana, que diria: – É coelho!***
Mas digo logo, não somente é possível, como tem boas opções.
No tour que contratamos com a Ruta Verde, estavam incluídos dois hotéis da rede Tayka, que praticamente domina as hospedagens no Altiplano. Gosto bastante de hotéis de rede local e sempre que possível procuro ficar em lugares assim, pois geralmente nos permite um contato maior com os costumes, decoração, mão de obra e modo de fazer local. No Peru tive uma excelente experiência com a rede Casa Andina (veja aqui) na Bolívia não foi diferente.
No primeiro dia do passeio, nos hospedamos no Hotel del Desierto, Ojo de Perdiz. Fica literalmente no meio do nada do deserto. Quando estávamos chegando, no horizonte, o marido viu algo. Brincando falou: “-Olha ali o hotel”, então rimos, achando que se tratavam de alguns carros ou de um acampamento.
Quando o guia confirmou que era o hotel. Ah! É coelho!
Não era.
O Hotel do Desierto fica em Ojo de Perdiz, no meio do deserto de Sioli e foi construído em um projeto comunitário e parece ser realmente ecologicamente correto. Toda a energia é solar e bem racionada. Chegamos às 16:00 e nos foi avisado que devíamos tomar banho, pois a partir das 17:00 não haveria mais água quente e, a partir das 21:00 a energia solar seria desligada.
Para quem está achando que isto não combina com conforto, pense que água quente no meio do deserto à noite, é um luxo só, quase caviar beluga.
O quarto era amplo, limpíssimo e confortável, os mais de 03 edredons e colchas de lã deixavam claro que à noite teríamos muito frio.
O banheiro era bem rústico e pequeno, mas a água era forte e quente, então não tivemos problemas com ele.
O visual da sala de jantar do Hotel del Desierto.
O jantar estava incluído, já que delivery era impossível (ok, piada sem graça), comemos comida típica boliviana, com sopa, frango, tudo simples, mas saboroso. O café da manhã da mesma forma, simples, com suco, iogurte, ovos e pão. O hotel estava em obras, por isso pudemos perceber as etapas de construção, com muito gesso, que é um isolante térmico, e blocos pré-fabricados.
Uma delicadeza foi chegar no quarto e encontrar: vela (lembram que depois das 21h não tínhamos mais energia elétrica) e, chás de coca à vontade, para combater o mal da altitude. No final das contas, achamos ótimo o fim da energia, ficamos conversando e tomando chá à luz de velas, posso até dizer que foi muito romântico 😉
A última diária do tour foi no hotel Luna Salada. O hotel de sal da rede Tayka era o escolhido, mas ficou inviável por conta das chuvas do início de dezembro.
Chegamos cedo por conta de um problema no tour, se quiser saber mais, leia aqui. Depois de dois dias sem internet, o aviso de wi-fi foi um alento. Além disso, olha a vista para o Salar de Uyuni.
Gostei muito das instalações, embora as paredes e os móveis de sal possam ser um pouco desconfortáveis. As camas fixas também não ajudam muito, mas até que eram bem largas.
O banheiro era bem espaçoso e, embora a água tenha faltado por várias horas quando chegamos, depois retornou e o banheiro funcionou bem.
O hotel tem uma estrutura bem maior e mais preparada que o Hotel do Deserto, mas vamos ponderar, o deserto de Sioli está no meio do nada, enquanto o Luna Salada está bem ao lado do povoado de Colchani e próximo da cidade de Uyuni, Mesmo assim, a internet nos quartos não funciona, somente nas áreas sociais. Acho que por isso são várias salas com cadeiras, redes, espreguiçadeiras, todas pcom vista para o deserto do sal, algumas cobertas e outras neste mirante, perfeito para tomar uma cerveja pacenã bem gelada.
Para os corajosos que desejam se aventurar de carro pelo deserto de sal, o Luna Salada é a melhor opção de hospedagem, pois lhe deixa bem na porta do deserto. Além disso, o povoado de Colchani tem lojinhas de artesanato local, com colchas típicas bem bonitas a bons preços, vale a pena dar uma olhada, eu mesma comprei algumas bem típicas, uma delas igual a esta que está cobrindo a cama do hotel.
Então, provei que não era coelho?
*** Expressão muito utilizada na Bahia para descrever situações impossíveis, inacreditáveis, mentirosas, trapaças e similares.