Viagens Invisíveis

Minhas desventuras nos parques de Orlando

Parques em Orlando

Parque em Orlando

Com objetivo de visitar os parques de Orlando, estive na cidade em janeiro de 2019. Com o estado de espírito crescente em matéria de velhice e mau humor, parece que faz mais tempo que pisei nessa terra encharcada.

A quarentena: por que escrever sobre os parques de Orlando?

Island Adventure, a vila de Harry Potter

E por que escrever agora sobre os parques de Orlando?

Com a total impossibilidade de visitar os Estados Unidos, seja porque ninguém em sã consciência pensaria em se aglomerar em um parque em meio à descontrolada pandemia de Corona Vírus, seja porque Mr. Trump não é mais nosso amigo, é o melhor momento para contar sobre a viagem a Orlando. Não ignoro os doentes da mente, mas sinto muito, esse post não é para vocês.

Antes de finalizar esse post, li a notícia de filas em uma abertura precoce dos parques de Orlando, realmente temos muitas pessoas que não valorizam suas existências.

Os muito sensíveis, o apaixonados fanáticos pela fantasia e romance que a Disney, Orlando e os outros vários parques de Orlando podem proporcionar. Os carentes de uma infância não vivida o bastante ou de uma adultez ignorada solenemente. Esse post também não é para vocês.

Um pouco de nostalgia nos Parques de Orlando

Inegavelmente, nesse momento peculiar posso destilar as reais impressões da cidade, sem que meu mau humor pareça intriga ou despeito. Colocarei a culpa de toda amargura na quarentena, o que tem dado certo para tudo nesses tempos.

E se não se pode ir, não se pode conhecer, também evito que a tentativa de me desmentir, já que impossível se tirar a prova dos 9 sem se estar lá. Exceção honrosa para quem visitou após janeiro de 2019, serão poucos e estou preparada para essas críticas, já exclui os apaixonados, sensíveis e carentes, o resto tiro de letra.

Bom humor sempre, nem sempre

Como cheguei em Orlando?

Como dito, estive em Orlando no inverno de 2019, época dita recomendável para visitar a cidade. Não chove muito, a temperatura é amena, os parques não estão tão cheios e as filas são menores.

Estúdios e cenários, os parques de Orlando

Chegamos após 05 dias em Nova Orleans regados a bebidas alcoólicas e jazz. Uma vida adulta completa e dividida em partes perfeitas de dolce far niente e festas até não poder mais. Comida fantástica, ambiente divertido, nada moralista, culturalmente rico e diverso.

-Quero voltar, quero morar em Nola, é pedir muito quarentena?!

Voltamos no dia da final do futebol americano com a derrota fenomenal do New Orleans Saints, eliminados pelos vikings na prorrogação. Parecia uma premonição de dias caóticos: “Who Dat?”

Em um voo da low cost americana Spirit, partimos diretamente de Nova Orleans a Orlando, onde chegamos à noite, com sentimento de derrota.

Recolhemos a Minivan no aeroporto, da forma mais rápida e prática que já tinha experimentado. Também não tivemos dificuldade em realizar as primeiras compras básicas em um imenso Target. Quem acha nossos Carrefours, Extras ou Sam’s clubs grandes, não tem ideia do que é um supermercado americano.

Andando em uma minivan, em uma casa confortável e distante de tudo, comprando com cartão em caixas automáticos do Target, se fosse branca e rica já poderia me aposentar e morar na Flórida. American way of life.

A noite derrama-se em neon

Do aeroporto até a casa alugada, passamos por centenas de condomínios, todos iguais. Ou com diferenças tão sutis, que não percebi.

Casas e casas, enfileiradas em ruas e quarteirões completamente idênticas. Apertei os olhos para lembrar onde tinha visto algo parecido, lembrei, parecem resorts como os de Cancún ou do Litoral Norte da Bahia, mas horizontais. Soube que algumas pessoas vivem ali. Não me perguntem como…

Longe desses resorts-condomínios algumas ruas de comércio e lojas, nada que se faça a pé sem ser maratonista. Longe na verdade é um eufemismo, impossível é a palavra certa.

Acomodados, tomando um belo vinho californiano em uma bela casa com piscina coberta aquecida, tive uma bela e rápida ilusão de que Orlando não era inóspito, podia ser acolhedor e um bom lugar para passar a velhice, pensamento dos norte americanos ainda mais do norte, que desembarcam por ali. Talvez o vinho estivesse fazendo efeito…

Minhas desventuras nos parques de Orlando

Passou logo no primeiro dia de visita ao parque da Universal e não foi culpa da ressaca.

Pode me perguntar: Mas Nívia, se você não gosta de parques, não tolera altura, não vê graça em desenhos e animações, tem um pouco de labirintite e odeia fast food, foi fazer o que nos parques de Orlando?

-Acompanhar a criança com quem estou casada há 13 anos.

Não que isso me tire qualquer responsabilidade pela escolha, mas também não me tira o direito de contar o que sofri…

Os parques de Orlando: Universal

A excitação inicial de chegar ao parque da Universal acaba nos primeiros 2km, trecho percorrido do estacionamento até a portaria do parque, considerando-se 2km na hipótese de indivíduos saudáveis e não sedentários, que acordaram cedo para pegar uma boa vaga no estacionamento. Se gosta de dormir até tarde, pode contar cerca de 4km.

Após a entrada no parque, o ilídio: brinquedos, brinquedos e mais brinquedos.

Montanha russa ao ar livre, montanha russa no escuro, montanha russa com realidade virtual, montanha russa metade fora, metade dentro, montanhas russas no mundo do Harry Potter. Para todas sugiro caprichar no dramin, não fiz isso e até hoje sinto a cabeça girar.

De brinquedo em brinquedo todos desafiam a sua capacidade de ouvir, de ver e de sentir, é muito barulho, muita luz e muito balanço, quase como entrar em um liquidificador.

Montanha russa dentro e fora

O Universal Studios possui dois parques, inteiramente dedicados ao cinema e, só pela temática, interessantes. É possível encontrar cosplay de personagens passeando pelo parque para fotos e também é possível tirar fotos gratuitamente, se com paciência para enfrentar as filas e os furadores de fila para essas fotos.

Um dos parques do Universal é dedicado à saga Harry Potter, o Islands of Adventure. Assisti com dedicação a todos os 8 filmes antes da viagem, afinal, não é porque tinha (tenho?) todos os preconceitos em relação aos parques de Orlando que não iria fazer o dever de casa.

O castelo bem realista de Harry Potter

A parte dedicada ao personagem é bonita, bem cuidada e surpreende em alguns momentos. Dois brinquedos estão além do que entendemos como brinquedos: o Harry Potter and the Escape from Gringotts no Universal Studios e o Harry Potter and the Forbidden Journey. São animações muito vívidas em carrinhos de transporte.

Se me perguntassem um motivo para conhecer o parque seria conhecer as instalações dedicadas a Harry Potter. Pronto, já temos um motivo, não sou capaz de mais.

O jeitinho americano: upgrade

Mas não basta ter um parque destinado a Harry Potter. Como a “regra geral de upgrade” manda, regra que move o mundo por aqui, o parque do Harry Potter não está apenas no Islands of Adventure. Uma parte fica no Universal Studios, inclusive o Hogwarts Express, um trem que leva de um parque a outro, mais rapidamente.

Trem Hogwarts Express

Para embarcar no trem de um parque a outro o ingresso deve contemplar os dois parques, com o nome Universal Orlando Explorer / Park-to-Park. A “regra do upgrade” ensina a comprar o ingresso assim, para circular tranquilamente entre os dois parques.

Obviamente que “rápido” em Orlando significa um pouco menos de tempo, mas algo de paciência para esperar vários minutos ou horas na fila para pegar o Hogwarts Express.

Igualmente a “regra do upgrade” vale aqui: Se tiver folga no orçamento pode comprar um Universal Express™ Pass, que poderia ser chamado de “fura-fila legal”, talvez não ético ou moral, mas por $100,00 o visitante pode pegar uma fila menor e sofrer menos.

Filas, filas e filas

Antes de adentrar no Universal e após o estacionamento está o CityWalker, um calçadão com lojas temáticas e a maior oferta de lugares para fazer refeições. Serve bem para um café ou jantar, embora fique distante das principais atrações.

Assim, por essa distância, acabamos almoçando nos restaurantes e lanchonetes dentro do parque. Não provei uma única refeição decente em Orlando, então não tenho indicações. Pratos de papel, vinho em copo plástico, pizza borrachuda, comida vegetariana sem graça e chope quente, resumo da vida culinária nos parques de Orlando.

Vinho em copo plástico

Menção honrosa aos churros do Cinnabon, com seus CinnaSweeties cheios de açúcar e gordura. Um alento de gostoso.

Um dia ou 1 e 1/2 é suficiente para a saga de Harry Potter, mais do que isso é repetir indefinidamente todas as atrações, em um loopping infinito… Melhor ficar em casa esperando a morte… Ou não?

Voltar aos parques de Orlando só nessas condições

Ao leitor

Se o leitor chegou até aqui não é sensível e nem carente, mas talvez apenas curioso. Ou é o leitor que eu espero encontrar, aquele que não quer ir a Orlando, mas precisa ir de alguma forma, seja para levar as crianças próprias, as crianças adultas, as crianças da família.

Fazendo dupla com a Tempestade

Para esse leitou eu digo: Você vai se divertir, pode não reconhecer depois, mas vai acabar achando graça de si ou dos outros e de como é fácil encantar: basta alguns cenários, personagens carismáticos, uma lembrança da infância, daquele desenho animado que um dia se desejou fazer parte…

Em poucos minutos estará tirando foto com o Scooby-doo ou gritando em uma montanha russa.

Esses sentimentalismos são perdoáveis. Afinal, é o mergulho no mundo de fantasia e sua catarse que desejamos. Todos nós meu amigo(a), todos nós…

Desde já aproveito para dar as últimas dicas para tornar menos terrível a experiência: Pesquise restaurantes no CityWalk ou leve um lanche gostoso, não conte com refeições dentro dos parques.

Olhe no mapa do parque o que deseja observar e não se sinta mal em simplesmente ignorar o que imagina que não será bom. Desapegue do dinheiro: não é porque se deixou uma pequena fortuna no parque que deve aproveitar tudo até o final, inclua pausas para descanso ou simplesmente não fazer nada. Há alguns pontos bem bonitos de contemplação.

Um pouco de verde, para esquecer de onde estamos

Para ler mais sobre nossa viagem aos Estados Unidos, confira os posts apaixonados de Nova Orleans ou não tanto em Miami.

Sair da versão mobile