O único guia da Colômbia que consegui comprar foi o Guia Michelin – La guia verde – pela Saraiva e em espanhol. Incrível que a Colômbia não mereça a atenção de nenhuma editora, como a Folha ou Lonely Planet, para a impressão de guias em português. Outra coisa espantosa é a quantidade de avisos de cuidado e de perigo nas páginas do guia, mesmo sendo uma edição de 2011.
Claro que quase ninguém desconhece que a Colômbia teve (e ainda tem em algumas regiões do norte) uma história difícil e turbulenta de combate ao narcotráfico, com a ocorrência de atentados violentos em via pública. Em 2012 estava com sérias intenções de fazer esta viagem, mas um atentado à bomba em Bogotá me desanimou, como contei neste post.
Ainda assim, achei exagerado o aviso e fiz um dos caminhos que o guia avisava “cuidado com os carteiristas” e “o parque atrai gente de duvidosa reputação”- do Parque de los Periodistas até o Cerro de Monserrate. E acertamos!
Perguntamos antes a um policial se seria seguro fazer o caminho, o que foi indicado com tranquilidade. Realmente nos pareceu que:
“O tempo das bombas e dos atentados, uma década inteira em que vivemos com a plena consciência de que voltar para a casa à noite era questão de sorte, estava longe.”
Os Informantes – Juan Gabriel Vásquez
Saindo do Museu do Ouro à direita e seguindo sempre pela Calle 16, está o Bairro de Las Águas, identificável pelo rio inteiramente canalizado e que nos pareceu muito poluído. Pode-se fazer de bicicleta ou, como fizemos, caminhando. Atentar que é sempre direto e para cima, se estiver sem fôlego, melhor pegar um táxi.
A Igreja de Las Águas está bem abaixo de nosso objetivo final, o Cerro de Monserrate, o branquinho lá em cima do morro.
Esta é uma das Igrejas mais antigas de Bogotá de 1644 e foi inteiramente restaurada em 2004, pena que estava fechada, embora fosse um domingo.
Ao final do bairro de Las Águas temos uma enorme ladeira, mas já começamos a ver o movimento intenso de bogotanos com crianças e toda a família em direção ao Cerro. Diversas barraquinhas de comida, bebidas, pipoca e doces variados já instaladas na calçada. Vimos logo que era um programa popular, já que a água e a pipoca custavam cada mil pesos (R$1,20)!
A presença maciça de moradores talvez se deva ao valor dos ingressos, módicos 4.600 pesos, cerca de R$6,00 para ingressar no parque e 5 mil pesos, cerca de R$6,50 reais, para subir de teleférico ou de funicular. Não tem como não lembrar dos R$ 53,00 do Pão de Açúcar.
O ideal é subir de teleférico e voltar de funicular. O teleférico é mais concorrido e deixa na parte mais alta do cerro, o que faz uma enorme diferença quando estamos falando de mais de 3 mil metros de altitude. Esta é a entrada do teleférico:
A vista do teleférico também é mais impressionante.
O funicular é confortável e mais vazio, mas lhe deixa na parte mais baixa, longe das atrações: os mirantes, a Igreja e a feirinha de artesanato. Assim, chegando pela parte mais alta, é só descer para conhecer as atrações e voltar pelo funicular.
O Cerro de Monserrate é o lugar ideal para ver a enorme cidade de Bogotá e como ela se espraia nas montanhas.
Também é interessante porque tem dois restaurantes lindíssimos, praticamente despencando de cima do morro.
Comemos umas entradas no Casa Santa Clara e tudo nos pareceu delicioso, além do ambiente, da vista e do wi-fi =).
Há uma Igreja de de 1657 na parte mais alta do cerro, que estava lotadíssima para a missa de domingo.
E logo na parte de trás da Igreja há uma movimentada feira de artesanato, com toda espécie de produtos, de comida a objetos em couro e quinquilharias em geral.
Lá em cima mais gente ainda! Jovens, idosos, todos visitando a feira de comida e os jardins, misturados aos turistas que estavam em evidente menor proporção. Lembrei porque Bogotá foi reconhecida como uma cidade criativa.
“Presume-se que o compartilhamento dos espaços públicos – em especial os culturais – e o entendimento da cidade promovam a tolerância e democracia e desenvolvam o sentimento de pertencimento, fundamental para estimular o redesenho de um projeto de vida.”
Cidades Criativas, Ana Carla Fonseca Reis
E ao estar a 3.152, com um friozinho e uma neblina constante, provando uma Club Colombia, me vi agradecendo a Don Juan de Borja, por autorizar a construção da capela que deu origem a todo este complexo. Tim tim!