Viagens Invisíveis

Se virando na Russia, sem inglês

A maioria dos blogs que pesquisei para nossa primeira viagem à Russia, colocavam como “muito importante” ou “imprescindível” aprender o alfabeto russo. Acontece que eu nunca consegui aprender nem inglês, minha comunicação está entre “mim quer banana” e “the book is on the table”, como poderia pretender aprender o cirílico, uma língua que mais parece um emojicon japonês??

Deu uma preguiça…

Então resolvi fazer como sempre faço: viajar na cara e na coragem. Se você decidiu em cima da hora conhecer a Rússia, se é preguiçoso como eu, se confia que seu inglês é onipotente e onisciente (já vou avisando que a Moscou e São Petesburgo são muito parecidas com o Brasil, você consegue falar inglês em um restaurante turístico, mas o caixa do mercado não vai te entender nem na base da mímica), não se estresse em aprender o alfabeto russo, mas tente seguir estas dicas.

Opa, mas se eu não vou aprender o idioma, nem mesmo o alfabeto, porque vou querer um mapa em cirílico? Ora, porque todas as ruas estarão com placas nesta língua. Aprendemos logo no primeiro dia que adianta muito pouco um mapa com os nomes dos lugares no alfabeto latino. Só serve se vc não precisar se localizar com as placas de rua, caso contrário estará completamente perdido. Já se tiver dois mapas: um no alfabeto latino e outro em cirílico,  sua pele estará salva, basta comparar os dois e escolher seu caminho.

Não consegui achar o mapa de ruas no alfabeto cirílico, e agora?.

Nós também não conseguimos encontrar mapas impressos em cirílico. Todos os mapas dos hotéis eram em alfabeto latino, inclusive o guia da folha. A opção é o google maps, que contém as ruas em tal alfabeto.

Ah, e por falar em google maps, dá uma lida no post do Sunday Cooks sobre como organizar viagens pelo google maps. Antes de ler o post, meus mapas eram como o da esquerda, depois do post ficaram como da direita

Precisa de mais motivos?

 

  1. Mapa do Metrô em cirílico

 

Este mapa é bem mais fácil e vou te dizer, mais importante ainda do que os mapas de ruas. Porque vc consegue se locomover apenas pelas direções no mapa de rua, mas no mapa de metrô é impossível. Então não adianta saber que tem que descer na estação Dostoiévski, se ela, na verdade, se chama, Люблинская.

O blog Diário de Férias colocou o mapa do metrô em pdf, imprimi na melhor resolução possível e salvei no celular. Olha, realmente foi a salvação da lavoura! Conhecemos várias estações e todas valem muito a pena, inclusive as novas, que seguem a mesma linha: beleza e arte!

Olha ele aqui

  1. Dinheiro trocado

 

Tivemos a maior dificuldade com as notas de 5.000 rublos, então aviso logo: peça dinheiro trocado nas casas de cambio. O ideal são notas de 50, 100, 500 e no máximo algumas poucas de 1.000. Sei que é meio estranho andar com um bolo de dinheiro, afinal 50 rublos não vale nem 1 euro, mas acredite: tivemos dificuldade com troco em taxis, restaurantes, lojas…

  1. Compre um chip de internet.

 

O chip de dados é muito barato na Rússia. Pagamos 400 rublos (cerca de R$25,00) em um chip na CBR3HON3, que encontramos na Av. Tveskaya (Тверская улица) a principal de Moscou. Bastou entregar o passaporte, pedir um “simcard”, pagar e pronto! Eles só tinham o nano chip e o mini chip, então, se o seu celular é do antigo, melhor levar um adaptador de chip, pois então qualquer um poderá servir. A internet era de excelente qualidade, 4G e deu para 03 dias inteiros de viagem, roteando com mais dois aparelhos: uma barbada!

Depois de ter internet é só baixar o aplicativo do google tradutor ou acessar pelo google mesmo, tirar uma foto, que ele traduz tudinho. Funcionou 90% das vezes que tentamos!

Nosso guia Vitaly também nos indicou outras empresas: Euroset (Евросеть) e MTC (METAPOH).

Como não existe almoço grátis, o chip só serviu para Moscou, em São Petesburgo, teríamos que comprar outro, mas…

  1. Wi-fi no metrô! Wi-fi no trem! Wi-fi na rua!

 

Em Moscou encontramos internet aberta em todos (isto mesmo, todos!) os restaurantes que fomos. Já em São Petesburgo a coisa não funcionou tão bem, vários restaurantes não tinham wi-fi, inclusive um bar de jazz super legal que não cobrava couvert artístico e que levantei as mãos para o céu de só ter conhecido no penúltimo dia de viagem. Ora, um bar que tem jazz de graça a partir das 21:30 até as 2:00, a menos de 500 metros do hotel e que vende 3 Efllingens pelo preço de 2, é certeza de noites perdidas e dias prejudicados. Como só conhecemos na penúltima noite, foi apenas uma noite perdida e um dia prejudicado 😉

Ah, sim, ao que interessa… Wi-fi no metrô, etc… Bom, tanto em São Petesburgo, como em Moscou há wi-fi free no metrô, só que tem uma pegadinha: é preciso ter um número local para fazer o cadastro. Assim, a compra do chip de dados se faz ainda mais importante: com o chip de dados , vem um numero de telefone e com este número pode acessar ao wi-fi e o melhor: não apenas em Moscou, mas em São Petesburgo também.

A principal avenida de São Petesburgo é a Nevsky Prospekt ( Невский проспект), ela tem wi-fi grátis em toda a sua extensão. Basta colocar um numero de telefone celular russo e concordar com os termos. O mesmo para as estações de metrô e para o trem rápido que pegamos de Moscou a São Petesburgo. Ok, a internet não é das melhores, mas se não quiser comprar o chip de dados em S. Petesburgo é uma ótima maneira de economizar.

  1. Comprar os ingressos para o Museu Hermitage pela internet

 

Li isso em todos os lugares o tempo todo. E obedeci, mas que deu pena do pessoal na fila, deu sim!

Não adianta teimar, se não quiser sofrer, ou para sofrer menos (pegamos ainda uma fila de umas 30 pessoas apenas para trocar o bilhete online pelo de entrada) compre antecipadamente no site do Hermitage.

Se não comprou, uma sugestão: vá à tarde, quando saímos a fila estava um pouco menor.

 

  1. Contratar um guia em português ou espanhol

 

Se não ficou convencido de que é possível viajar sem aprender o alfabeto russo, se acha que não vai conseguir se virar com internet e inglês macarrônico, minha ultima dica é: contrate um guia que fale português. Nós fizemos isso!

Viajei com meus pais e estava apreensiva que eles ficassem muito deslocados com a língua. Também tinha medo do tamanho do metrô e da dificuldade de comunicação. Então, depois de pesquisar e fazer algumas cotações, acabei por contratar o Vitaly. Acertei o transfer com ele do aeroporto para o hotel e estava um chofer com nosso nome em uma placa e seguimos em um a van espaçosa para o hotel. No dia de seguinte nos encontramos e ele fez um city tour que incluiu lugares afastados como o Parque da Vitória (que não estava em meu roteiro, mas que é muito legal) e o Mosteiro de Novodevisch (que estava em meu roteiro, mas que provavelmente eu não teria tempo de visitar). Além de falar português super bem, foi uma aula de história e dos hábitos russos, nos ensinou a andar de metrô e nos levou às estações mais famosas. Pudemos conversar sobre as perspectivas e sentimentos da geração mais jovem (ele tinha aparentemente idade próxima à nossa).

O tipo de conversa informal que não conseguiria em russo, nem mesmo em inglês com outro local. Dinheiro super bem investido!

Se eu consegui sobreviver bem a estes dez dias, tenho certeza que qualquer um consegue. E vamos viajar!

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