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A Casa das Portas Velhas e a Mouraria

A Mouraria é um lugar diferente. Está no Centro Histórico de Salvador e suas construções remontam a 1.630, mas não faz parte do circuito turístico e nunca houvi falar em passeios levando os visitantes a este agradável e diminuto “bairro”. Possui um Quartel, uma Igreja e vários bares, alguns dos mais tradicionais de Salvador, mas pouco habitado por hotéis ou mesmo hostels. 
 
Frequento o bairro regularmente, especialmente os bares pra comer caranguejo, lambreta e pastel, mas nunca imaginei como algo que interessaria ao turista (engano básico, já que talvez a boemia natural e despojada do soteropolitano seja o maior interesse para vários viajantes). 
 
Eis que uma agradável novidade me chegou aos ouvidos no início deste ano: um hotel boutique no centro da Mouraria – A Casa das Portas Velhas. São apenas 15 quartos em um lindíssimo casarão.

 

Aproveitando que o hotel abre para café da manhã aos não-hospedes (é preciso agendar pelo telefone 3324-8400 e custa R$25,00 por pessoa) fomos domingo conferir. A decoração muito elegante não contrasta com o atendimento especial que tivemos. 


Sala de estar dos hospedes


Área externa com jacuzzi próximo ao local de café da manhã e ao bar.

 

 
Suíte, muito reservada para noivas que se casam no convento da Pupileira, me disse a gerente Silvia Barros, já que fica bem próximo à Mouraria.
 
 
 

 

E o café da manhã, com direito a tapioca de queijo da hora.


O cuidado nos detalhes

 

Segundo Sílvia, assim estava o casarão antes de ser restaurado, ou melhor, reconstruído. O Eduardo, do blog História de Salvador (que já apareceu aqui no post da Lavagem do Bonfim) afirma que esta era a Mansão da Palma.

 

Hoje o Hotel guarda este espaço com achados das escavações e fotos da enorme obra.
  

 

E as várias portas antigas que compõem a decoração. Uma das hóspedes que encontrei na recepção disse ter escolhido o Hotel por ser louca por portas, o que, pensando filosoficamente, não é nenhuma loucura.
 
A fachada

 

E o entorno: Fica praticamente em frente à Igreja da Palma, no largo. Ao fundo é o quartel da Mouraria.


Eduardo conta a história da Igreja:

E a igreja da Palma, como surgiu? Conta-nos Afrânio Peixoto em seu Breviário da Bahia:

“Um dos outeiros da Bahia era o Monte das Palmas, onde se fizeram, em 1624, trincheiras contra os holandeses invasores. O Alferes Bernardo da Cruz Arrais fez voto de erguer aí uma capela, em honra de Nossa Senhora da Palma, voto que não logrou cumprir, mas fê-lo seu irmão, o Dr. Ventura da Cruz Arrais, a quem legara a fortuna, edificando a edícula (pequena capela) prometida, a 8 de janeiro de 1630. De Lisboa fizeram vir imagem da padroeira, inaugurada em 1670.
 
E como a Sílvia me falou de novos ventos de revitalização da Mouraria, com a chegada de outros empreendimentos no local, quem sabe os ventos de Lisboa, da outra linda Mouraria, não nos ilumine?
 

Céu Da Mouraria

Madredeus

Quando Lisboa acordar
Do sono antigo que é seu,
Hei-de ser eu a cantar,
Que eu tenho um recado só meu.
Céu da Mouraria… ouve,
Vai chegar o dia novo!
E o sol, das madrugadas todas,
Névoa de um povo a sonhar,
Os teus mistérios, Lisboa,
São, as pombas que ainda há.

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