Cartagena de Índias era uma cidade que já dominava o meu imaginário há muito tempo, desde a leitura, aos doze anos de idade, de “Do Amor e Outros Demônios” de Gabriel Garcia Márquez.
Ao sermos apresentadas, no quente último dia do mês de novembro de 2013, tive a mente povoada de lembranças literárias e os olhos das pequenas perfeições de Cartagena.
Em 1984, a Unesco incluiu toda a cidade murada na lista de Patrimônios Mundiais, principalmente pelos 11km de muralhas que a cercam, pela sua arquitetura colonial e pela cultura caribenha viva que se pode sentir em suas ruas.
O que a Unesco talvez não tenha explicitado, mas, somente intuído, é que algumas das belezas de Cartagena estão nos detalhes: as Fechaduras de Cartagena.
Estas fotos são uma pequena mostra da peculiaridade de Cartagena, são portas e fechaduras incríveis que vi durante o passeio em três dias pela cidade, onde adentramos em quase todas as ruas do centro e de Getsemaní.
Olhar estas portas de madeira maciça, com fechaduras tão elaboradas que parecem indicar o “signo” do morador, parte de sua personalidade.
Cada figura poderia representar o status da família, seu ofício principal, comércio ou sua ligação com a família real espanhola. Não eram meramente peças aleatórias ou decorativas, mas diziam muito sobre quem repousava dentro o recinto, ou sobre o que a pessoa queria que se pensasse dela.
Deter-se a cada metro para analisar as sacadas e tentar capturar algum indício de vida naquelas residências, hotéis, restaurantes e lojas, como se cada fechadura, cada aldrava, nos prometesse algum capítulo inesquecível para nossas vidas.
Não adentrei e nenhuma, sequer bati à porta e saí correndo como minha criança interior desejava.
Apenas guardei estas imagens para compartilhar, afinal, como disse G.G. Márquez – “Não há remédio que cure o que a felicidade não cura” – Do Amor e Outros Demônios.
Ou que a beleza não cure.