10 Em Carmelo/ Uruguai

Carmelo: a rota de vinho de Buenos Aires

rolhas, vinícola Narbona, Carmelo, Uruguai

A melhor rota de vinho perto de Buenos Aires não está na Argentina, mas em Carmelo no Uruguai. Ao contrário de Mendoza que fica a mais de 1.000km da capital portenha, Carmelo está a 01 hora de ferryboat e 80km de ônibus ou carro da capital portenha.

vinhedos bodega buena vista, carmelo, uruguai

Vinhedos bodega Buena Vista, Carmelo, Uruguai

Além disso, o terminal de ferryboat fica no centro de Buenos Aires, em Puerto Madeiro, assim como o terminal portuário de Colônia, que também está no centro da cidade e ao lado do terminal rodoviário. Assim, é possível organizar uma viagem para Buenos Aires e Carmelo sem muita preocupação com a logística de transporte e sem gastar muito com táxi.

Me perguntei o porquê de ter demorado tanto para conhecer esta promissora região vinicultora

A produção de vinhos em Carmelo data do Século XIX, quando as primeiras cepas (exemplares de vinhas) chegaram da Europa. A produção, contudo, era de baixa qualidade e, em sua maior parte, se destinava aos vinhos de mesa.

entrada, vinicola Irurtia, Carmelo, Uruguai

Entrada da vinícola Irurtia, Carmelo, Uruguai

A cultura de vinhos finos começou a se desenvolver apenas neste século e foi impulsionada pela adaptação da uva Tannat ao clima uruguaio. Esta uva difícil, áspera e com taninos que parecem incontroláveis, está produzindo excelentes vinhos, tanto em blends como sozinha, e perde estas características para dar lugar a vinhos poderosos, frutados e bem redondos no paladar.

Entrada vinícola Campotinto, Carmelo, Uruguai

Entrada vinícola Campotinto, Carmelo, Uruguai

Sobre a chegada da Tannat ao Uruguai há uma história interessante que ouvimos em quase todas as visitas às vinícolas. Dizem que a uva foi trazida no navio dos espanhóis por Don Pascual Harriague, porém não era conhecida como Tannat, sendo dado do nome de Harriague, em homenagem ao seu primeiro produtor.

Apenas muitos anos depois se descobriu que esta uva, utilizada apenas para vinhos de mesa, era a Tannat, de origem francesa e que seria a grande uva do Uruguai.

Entrada, vinicola Cerros de San Juan, Carmelo, Uruguai

Entrada, vinicola Cerros de San Juan, Carmelo, Uruguai

A partir dos anos 1970, com a chegada de enólogos europeus, se pôde pensar em uma produção mais profissional de vinhos finos. Carmelo teve um papel ainda mais recente no desenvolvimento do vinho uruguaio. Embora algumas vinícolas já possuam mais de 100 anos, como a Cerros de San Juan e a Irurtia, apenas a partir desta última década o reconhecimento da qualidade dos vinhos da região chegou.

Uma incipiente rota de vinhos começa a se desenhar em Carmelo e talvez seja uma oportunidade única para os amantes deste mundo conhecer uma região, no início de sua abertura turística, quando ainda possui esta forma rústica e intimista.

rota dos vinhos de Carmelo, uruguai

Placa para vinícola Cordano, rota dos vinhos de Carmelo, Uruguai

A maioria das críticas que ouvi sobre Carmelo estava exatamente nesta rusticidade, que se transparece na necessidade de agendamento prévio das visitas, em horários específicos para a prova e alguma dificuldade de contato com as vinícolas.

Não tivemos problema e conhecemos todas elas, ou pelo menos aquelas que realizam visitação turística. O que não se pode esperar é que Carmelo, uma cidade com 18 mil habitantes e uma rota que ainda se desenha, já possua o estilo de outras rotas como Mendoza. São lugares totalmente diferentes, talvez opostos.

almofadas, Vinicola El Legado, Carmelo, Uruguai

Detalhes, Vinícola El Legado, Carmelo, Uruguai

Enquanto em Mendoza algumas vinícolas são imensas, com visitação de centenas de pessoas, como a Catena Zapata que possui um prédio em formato de pirâmide maia, estar em Carmelo é como visitar uma fazenda orgânica, familiar.

Em Carmelo, tivemos a oportunidade de conversar com o próprio produtor em quatro, das sete vinícolas que visitamos. Este é um grande privilégio para quem gosta de vinho! Falar com quem tomou as decisões para aquele resultado que hoje provamos na taça, saber como ocorreu o plantio, a colheita, as intercorrências…

 

Já estivemos em Mendoza, Stellenbosh e outras cidades da África do Sul, Santiago do Chile, mas foi em Carmelo que tivemos um contato mais íntimo com o mundo do vinho.

 

Em Carmelo, não parece que você é um turista, mas uma visita, alguém a ser recebido e acolhido, com quem se pode conversar e trocar ideias. Totalmente diferente das enormes lojas e bodegas dos roteiros já estabelecidos no mundo turístico do vinho.

Quem pretende visitar Carmelo, talvez tenha que mudar a perspectiva de visita a vinícolas e deixar o coração aberto para esta experiência!

rolhas, vinícola Narbona, Carmelo, Uruguai

rolhas, vinícola Narbona, Carmelo, Uruguai

Rota de Vinhos de Carmelo – como chegar e se deslocar

A forma mais fácil de chegar é Carmelo a partir de Colônia é de ônibus, mas também é possível alugar um carro em Colônia do Sacramento, pois a estrada, embora não seja duplicada, é tranquila e quase sem movimento de carros pesados. Vimos buracos em alguns trechos, mas poucos e facilmente avistáveis na estrada plana.

Do centro  de Carmelo até as vinícolas é possível se fazer de táxi ou mesmo de bicicleta. Nós contratamos um remis  Norberto Bald (00598-99684147), que nos levou a quatro vinícolas, nas outras fomos de bicicleta.

Rota de Vinhos de Carmelo – que vinícolas conhecer

Conhecemos todas as vinícolas que aceitam visitas turísticas, a Campotinto, Cordano, El Legado, Irurtia, Narbona, Buena Vista e Cerros de San Juan.

Dica especial

Fazer câmbio! todos os restaurantes e pousadas que conhecemos em Carmelo aceitam real e dólares, porém o câmbio é extremamente desfavorável, cerca de 10% a 20% menor do que o câmbio do terminal portuário do buquebus. Assim, faça câmbio para pesos uruguaios assim que chegar no Uruguai.

Quer ler mais sobre Carmelo? Clique aqui

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10 Comentários

  • Responder
    Susana
    26 de março de 2017 em 17:29

    Olá! Adorei os posts sobre Carmelo, qual o valor do Remis para as quatro vinícolas? Foram todas no mesmo dia?

    • Responder
      viagensinvisiveis
      26 de março de 2017 em 21:28

      Olá Susana, pagamos $40,00 e foram 03 vinícolas, pois a última foi de bicicleta, mas levou o dia inteiro. Bjs

  • Responder
    Angelica
    2 de setembro de 2017 em 12:31

    Pesquisando sobre Carmelo, encontrei seu site é simplesmente fiquei apaixonada por tudo que vc escreveu. Estava pensando em passar apenas uma noite lá, mas vc já me convenceu de passar mais tempo lá. Rs! Somos amantes do vinho, da gastronomia e do contato mais íntimo com as vinícolas. Vc sabe se funciona normalmente no inverno? De toda forma, vou entrar em contato com as vinícolas e devorar deus posts. Parabens, adorei todas as dicas!

    • Responder
      viagensinvisiveis
      7 de setembro de 2017 em 19:26

      Angélica, acredito que todas funcionam no inverno, mas seria bom confirmar. Nós fomos em maio e estavam funcionando normalmente! A campotinto também tem várias atrações gastronômicas para o inverno, vale a pena conferir! Boa viagem!

  • Responder
    MANUEL CARRERA
    9 de maio de 2018 em 16:30

    Estaremos indo dia 18 de maio deste ano para Carmelo e ficaremos hospedados na Pousada Campotinto. Estamos com tudo pago em relação à hospedagem, entretanto, ela só inclui o “desayuno” e ficamos, assim, meio que perdidos quanto devemos trocar em reais para pesos uruguaios para as despesas de almoço, janta e degustações nas “bodegas”. Na verdade, estamos levando cartão de crédito, mas não sabemos se já foi reativada a devolução do IVA para turistas que paguem em cartão nos hotéis, restaurantes etc, aliviando-nos do extorsivo IOF no retorno ao Brasil. Se puder nos ajudar!!!
    No mais, ficamos encantados e emocionados com a sua narrativa sobre o local romântico que iremos conhecer em breve. ” Saludos ” do Casal CARRERA ( parece nome de vinho, não? rsrsrs).

    • Responder
      viagensinvisiveis
      9 de maio de 2018 em 21:20

      Olá Manuel, infelizmente, de acordo com o site de turismo do governo uruguaio, a devolução integral do IVA só ocorreu até 30.04. Ainda assim, tendo em vista que o câmbio nos está desfavorável no momento, talvez compense arriscar no cartão. Em relação aos valores de almoço, janta e degustações, depende muito do local a se visitar. A visita à El Legado e Cordano são bem mais em conta do que a Narbona. Ainda assim, indicaria uma média de U$100,00 por dia para o casal para comer e beber, embora se possa gastar bem menos no centro de Carmelo. O preço das degustações depende também dos vinhos a serem provados, mas não são extorsivas, tem alguns preços no post 7 vinícolas imperdíveis. Obrigada pelo carinho, espero que gostem de Carmelo como nós gostamos! Se decidir ficar por Carmelo e abrir uma vinícola lá, já tem o nome certo – Carrera! Saludos!

  • Responder
    Mirela
    18 de setembro de 2018 em 17:30

    Estou amando suas postagens sobre Carmelo. Interessei-me em conhecer, principalmente as vinícolas. Mas, para a visitação nas vinícolas, hospedagem na CampoTinto, eles falam português?

    • Responder
      viagensinvisiveis
      18 de setembro de 2018 em 21:22

      Olá Mirela, falam um portuñol bem compreensível, principalmente porque muitos brasileiros vão pelo Sul de carro. Beijos

  • Responder
    José Henrique Menezes Wanderley
    6 de março de 2020 em 14:45

    Boa tarde,
    Parabéns pelo post, simplesmente incrível. Estou indo em julho deste ano para argentina, e reservarei um ou dois dias para visitar as vinícolas la de carmelo (já que ficou caro ir para Mendonça KKKK) e gostaria de saber se tem algum guia turístico em sacramento que possa fazer esse tour em carmelo ou seria melhor irmos direto para Carmelo e nos hospedar por lá uma noite e de lá irmos conhecer as vinícolas? O que vc indica? Se puder enviar informações pelo email eu agradeço.

    Abraço

    06/03/2020

    • Responder
      viagensinvisiveis
      6 de março de 2020 em 17:59

      Olá José Henrique, infelizmente não conheço nenhum guia em Colônia que realize esse tipo de tour, mas recomendo fortemente que durma em Carmelo já que todas as pousadas que conhecemos são muito charmosas e valem o passeio. Eu iria direto a Carmelo. Abs

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