Viagens Invisíveis

Caixa Cultural: Botero – a violência é dinâmica.

Até sexta (27/07/2012) estava em cartaz na Caixa Cultural, bem no centro de Salvador, a exposição Botero Dores da Colômbia. Um dos motivos de ter escolhido visitar a Colômbia este ano era conhecer o Museu Botero e aprender sobre este país que conviveu, e ainda convive de certa forma, com o terrorismo e a violência das Farc’s.  
 
Desisti da viagem em decorrência dos atentados à bomba no mês de maio em Bogotá e resolvi deixar para 2013. Quando soube da exposição entendi como ótima oportunidade de apaziguar a vontade de viagem vendo, pela primeira vez em original, parte da obra de Botero.
 
A Caixa Cultural é um pequeno espaço de arte que fica instalado em um casarão de 1657, na antiga casa de Oração dos Jesuítas, o imóvel é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional e está em excelente estado de conservação. Para quem estiver visitando Salvador, sugiro que se conheça com a visita à Praça da Sé, Elevador Lacerda, Praça Castro Alves (está a 600m apenas da Praça da Sé) e o Museu de Arte Sacra  (praticamente ao lado deste que é um dos mais importantes de Salvador). No mesmo dia estava acontecendo uma exposição da artista Adriana Tabalipa, responsável pela intervenção do lado direito da fachada. 
 


A casa, por si só, já tem seus atrativos, como o lindo teto do Séc. XIX e uma sala com as escavações e objetos encontrados quando da restauração do imóvel
 
A exposição estava em todo o primeiro andar. Eram 36 desenhos, 25 óleos e 6 aquarelas, realizadas pelo artista entre 1999 e 2004. Fiquei particularmente impressionada com dois óleos monumentais e com os desenhos.
 
Nas pinturas, as casas retorcidas, naufragadas, inservíveis impactam com os corpos estáticos, com o maciço dos caixões.  
 
A dinâmica é apenas a da violência, das balas. O corpo é rígido. Um bloco rígido e frágil.
Nos desenhos, vemos a morte a reinar e dirigir a vida das pessoas, resignadas, sofridas, estéreis.
 

Até que a última dignidade lhes é retirada.

 

Uma exposição difícil, sofrida, sensível. Em alguns momentos quase fui às lágrimas por estar tão descortinada esta violência ora pública, ora privada, mas sempre insana.


A exposição itinerante chegará em Recife a partir de 07/08 no Instituto Ricardo Brennand. Ótima pedida.

 

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