Viagens Invisíveis

Arraial D’Ajuda e Porto Seguro – quarto dia

Saímos de Trancoso cedo, após o delicioso e caseiro café da manhã, vale falar um pouco. O café da manhã da pousada Calypso não tem mesa de buffet. Simplesmente se senta e espera que à sua mesa chegue, pães, manteiga, café. A moça informa quais os sucos disponíveis e começa a perguntar, se deseja ovos, beiju, bolo, cuscuz… Acho que seria mais simples um cardápio feito à mão mesmo, com as opções do dia, ou talvez um quadro negro. De qualquer forma, gostei muito de não existir mesão – do estilo coma até morrer 🙂
Voltamos pela mesma estrada de terra e fomos direto às praias de Arraial d’Ajuda. Fomos surpreendidos com a maioria das barracas fechadas, principalmente as mais famosas, como a do Sting e a do Parracho. Seguimos pela Rua Mucugê, em um bonito caminho de paralelepípedos e mata, até chegarmos na Barraca Cabana Grande na praia do Parracho.


A barraca ainda estava adormecida, fomos os primeiros clientes. Os móveis ainda estavam molhados da primeira chuva da manhã. Nesta parte de cima, os móveis de madeira são pesados, mas bonitos. Logo abaixo, cadeiras de plástico.


A praia muito bonita, mas com pequena faixa de areia.


Ainda não tinha tomado um capeta (há mais de 15 anos não tomava um!), pedi um e o marido uma caipirosca, afinal já eram 10horas. Muito moça este capeta!


Sem ânimo para entrar no mar, com a resistência do sol ainda preguiçoso e a barraca com serviço ainda precário, decidimos retornar logo para Porto Seguro e ver o que o recomendado restaurante da Vanda tinha a nos mostrar. Quando chegamos em Porto o céu já estava assim:


A orla de Porto Seguro é bem bonita, com diversos barcos de pesca. O calçamento estava um pouco danificado, mas parecia estar prestes a ser reparado. Ainda assim, excelente para uma caminhada. Fomos então procurar o restaurante da Vanda. Antes na Passarela do Álcool, agora logo na última curva em direção à Cabrália. Na praia, o restaurante tem uma atmosfera agradabilíssima.


 Com várias árvores, palmeiras e balanços de madeira para crianças e quase-adultos.


E uma das areias mais claras que vi em Porto Seguro, com aquela água bem calminha do Mutá (fica logo após a barraca do Resort La Torre, no sentido Cabrália).
Comecei com uma roska de uma fruta típica do Sul segundo o garçom. Azedinha com um leve adocicado no final, uma maravilha, poderia passar a tarde à beira mar só tomando isso.


Ao que interessa: As moquecas. Realmente muito, muito gostosas. Leve, pouco dendê, peixe fresco de primeira qualidade – Badejo.


Comemos também de camarão, duas moquecas para cinco pessoas! Satisfeitíssimos. Voltamos para olhar o mar e percebi como é promissor o local! Ainda um pouco desajeitado, com móveis de vários formatos, alguns de madeira, outros de plástico. 


Espero que até o verão, a Vanda tenha se tornado um lindo restaurante de praia. Está no caminho certo, porque a decoração do restaurante dá notícias disso. Os mosaicos bem cuidados do chão, a comida excelente e esta vista já parecem ser garantia de sucesso, não acham?


Ao retornar para Porto Seguro, procuramos uma sorveteria ou algo do gênero, tudo fechado, inclusive a mais famosa – Sorveteria do Coelhinho, isto em pleno domingo à tarde! Então passamos por uma parte da boemia de PS que não tínhamos conhecido, os bares da Rua do Mangue ou Rua Marechal Deodoro. O local foi revitalizado desde 2010 e abriga bares, restaurantes, sebos, pousadas, padarias. Fiquei com muita vontade de retornar e certamente ficaria hospedada aqui em um retorno. 


Segundo nossa amiga “quase” local (mora em PS há 5 anos) disse haver um empreendimento incrível aqui – O livreiro, um misto de hotel, local de convenções, sebo e doceria. Não é um charme?


Olha uma foto do Livreiro feita pelo fotografo Régio Vasquez  


Eram lugares assim que procurei encontrar em Porto Seguro, como uma evolução turística do lugar, com mais diversidade, beleza e hospitalidade.
 
E às quatro da madrugada quando voltávamos de Porto Seguro para Salvador e a neblina envolvia todo o carro e depois a tempestade parecia querer nos mergulhar novamente no mar, lembrei do prenúncio de Jorge Amado sobre o mês de junho:
 
“Era em junho, mês do vento sul, dos temporais. Em junho Iemanjá solta o vento sul que é um vento terrível. É bem perigosa a travessia da barra nesta época e os temporais são terríveis. É o pior mês para os pescadores e os mestres de saveiros. Até os baianos correm perigo no mês de junho, até mesmo os grandes paquêtes.” Jorge Amado, Mar Morto, 1941.
 
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