Não gostei de Culebra. Confesso, não gostei nem um pouco de Culebra nas primeiras três horas na Ilha. Até fomos ao aeroporto perguntar se haviam voos antes do nosso para que adiantássemos o retorno a San Juan, mas não havia esta possibilidade. Estávamos condenados a passar 31 horas naquele lugar.
Achei Culebra rústica demais, simples demais. Não tinha o charme de um destino caribenho, não tinha centro histórico, nem serviço na praia, guarda-sol ou cadeiras para alugar. Banheiro na praia? Nem pensar! Um mero ambulante com isopor? Tá brincando!
Passado o susto inicial, posso dizer: Culebra é maravilhosa!
O problema foi que chegamos desprevenidos e nos assustamos. Não que seja mentira o que eu disse acima: É uma ilha muito rústica, muito pequena.Não tem centro histórico, na verdade, o centro lembra uma Morro de São Paulo de 15 anos atrás, uma bagunça cheia dos turistas que desembarcam para um dia no ferryboat, comendo cachorro-quente na porta do terminal e tomando uma cerveja talvez ainda mais quente.
Depois de algumas horas perdidos como baratas tontas, conseguimos comprar um pouco de comida e bebida, encontramos os equipamentos de snorkel que a pousada Casa Resaca deixou à disposição dos hóspedes e decidimos relaxar. Encontramos o centro de informações aos turistas próximo ao terminal e pegamos dicas.
Foi como abrir os olhos debaixo d’água em uma límpida máscara de mergulho.
Culebra é uma ilha simples, este é o seu encanto. É possível andar de carrinho de golfe e ver as pessoas na porta das casas. Voltar às 22 horas sem viva alma na rua, embora nos bares a animação esteja correndo solta. Tomar drinks em restaurantes muito legais e descontraídos. Ver corais magníficos e até se deparar com tartarugas marinhas.
Encontrar um tanque de guerra sendo devorado pelas ondas da Playa Flamenco. Apreciar o por do sol em frente a um rio, observando os pequenos barcos que vão e vem cheios de locais, com seus mantimentos e um ou outro peixe dentro.
Nadar, tomar sol, fazer snorkel, tomar piñas coladas, mojitos e cerveja gelada, comer deliciosos Mofongos (mistura temperada de bananas verdes fritas com camarão e outros frutos do mar).
Talvez se possa fazer isso em qualquer outra ilha do Caribe, mas acho que só em Culebra isto é feito de forma tão despretensiosa, como se estivesse em uma cidade do interior da Bahia. Se conseguir ver beleza nisso, então, assim como eu, Culebra encontrará um lugar no seu coração. Ou seu coração encontrará um lugar onde ela possa se instalar.
Vendo as palmeiras passarem e olhando para o sol imenso queimando a estrada, tive um vislumbre de algo que não sentira desde meus primeiros meses na Europa – uma mistura de ignorância com certa confiança incerta e despreocupada, do tipo que começa a surgir em um homem quando o vento volta a soprar e ele começa a se mover em linha reta na direção de um horizonte desconhecido
Hunter S. Thompson, RUM: Diário de um Jornalista Bêbado. Leitura desta viagem.
3 Comentários
Cyntia Campos
6 de outubro de 2015 em 15:38Eu quero ir!!!
viagensinvisiveis
6 de outubro de 2015 em 17:36Me chama quando for, que eu vou também! 🙂
Culebra? Sim, uma pequena pérola no Caribe - Viagens Invisíveis
19 de outubro de 2015 em 00:35[…] saber mais sobre Culebra? Clique aqui e […]