O caminho entre ter um animal de estimação e abrir os olhos para as questões do turismo sustentável e da exploração de animais para fins turísticos pode ser longo e, no meu caso e ainda hoje, é bastante difícil.
Afinal, é muito cômodo gostar de carne e não se preocupar com a forma com que este alimento foi produzido e chegou até o mercado, devidamente embalado e asseado. É muito mais fácil gostar de bichos e conhecê-los em um zoológico ou aquário, sem pensar em como eles chegaram até o local, onde habitavam anteriormente e que tipo de tratamento recebem lá.
Afinal, somos apenas consumidores e/ou turistas, uma gota de água no oceano da complexidade das relações de consumo e produção do mundo atual. O que poderíamos fazer?
Não tenho resposta para esta pergunta e também não é a primeira vez que exponho esta inquietação aqui no blog. Tive questionamentos quando visitei o Oceanário das Ilhas Rosário, o santuário de elefantes em Plenttenberg Bay na África do Sul ou mesmo quando fizemos safári no Kuzuko Lodge também na África do Sul.
Comecei a resolver minha questão moral com este princípio: não faço, nem estimulo o turismo de exploração animal. Entendo como turismo de exploração qualquer lugar que exponha animais em situações de cativeiro injustificadamente, ou seja, apenas para nosso deleite (existe este turismo até de seres humanos, como conta o post do 360 Meridianos).
Adoro bichos, então como conhecê-los, ter um pouco de aproximação com a natureza, vivendo em uma cidade grande e tentando não ser conivente com este turismo?
Quando visitamos Foz do Iguaçu, em junho deste ano, a convite da FIT Cataratas, estava no programa conhecer o Parque das Aves. Já tinha referências bem positivas do lugar e era um dos pontos que mais me interessava na região, junto com as Cataratas, é claro. Ao chegar, a entrada já dá mostras do tanto de Mata Atlântica que veremos ao longo do passeio
No início do tour, confesso que fiquei um pouco tensa. Achei os viveiros pequenos e baixos e uma angustia foi tomando conta. Depois, fui informada e cheguei a ver que eram os viveiros para procriação de espécies ameaçadas. Ou seja, o viveiro pequeno, tentava ajudar no amor dos passarinhos, rsrs <3
O Parque das Aves é um estabelecimento privado, ponto turístico importante de Foz do Iguaçu, mas que também tem uma aspecto científico: É o maior especialista em araras , possui 16,5 hectares de Mata Atlântica preservada e apenas um pequeno pedaço desta área (e dos animais) é acessível aos turistas. Metade das aves que estão lá chegaram resgatadas do tráfico de animais ou maus trato, outra grande parte nasceu lá.
Existem vários projetos de pesquisa encabeçados pelo Parque, como o de reprodução de Tucanos, Araranjubas, Papagaios e reintrodução da Arara, espécie que foi extinta na mata de Foz do Iguaçu. Há também o hospital das aves, que recebe qualquer tipo de ave machucada ou abandonada, alguns se recuperam e retornam ao ambiente, outras permanecem no parque.
Ao percorrer o caminho, que não tem volta, é uma linha de entrada que segue até a saída, vai perceber que existem portas que separam os já enormes viveiros. Logo após a parte dos pequenos, existem os viveiros imensos, bem altos e com diversas árvores, água e locais de repouso, em que o animal pode adentrar. Além disso, existem também portas que separam uns viveiros dos outros. Engraçado que alguns pássaros andam atrás da gente, este preto, por exemplo, ficou o tempo todo atrás de Fabio, querendo passar pela porta. 🙂
Além das 130 espécies de aves, o parque ainda abriga iguanas, jiboias, sucuri, jacarés, tartarugas, micos, um borboletário, tudo isso em um total de 1.400 metros de percurso.
Visitando lugares assim, temos a impressão de estar realizando uma vontade, mas também de ajudar um projeto bacana, sustentável, que respeita a vida e o meio ambiente. A National Geografic fez um texto bem interessante sobre este papel que desejamos que os zoológicos ocupem: o de desenvolvimento científico para proteção de espécies ameaçadas de extinção e não apenas uma vitrine de animais.
E depois de fazer esta visita, o coração se enche de vontade e esperança em dar o próximo passo, ser mais uma gota dissonante do oceano, tornar-me vegetariana.
Informações do Parque: Horários de funcionamento das 8h30 às 17h. Ingressos – Estrangeiros R$ 34,00 por pessoa, Brasileiros* R$ 24,00 por pessoa, Moradores de Foz** R$ 6,00 por pessoa
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***Viagem realizada a convite do 10º Festival de Turismo das Cataratas
2 Comentários
Raquel Guirra
3 de outubro de 2015 em 13:34Segui suas dicas e foi maravilhoso… este parque é um espetáculo!!! Natureza beleza e paz
viagensinvisiveis
4 de outubro de 2015 em 23:41Que bom que gostou Quel! Acho que foi um dos melhores parques que já conheci, às vezes não damos o devido valor ao que temos… Beijão