Viagens Invisíveis

1/2 dia na Chapada Diamantina

O café da manhã do Hotel Canto das Águas merece um capítulo a parte. Além da enormidade da mesa cheia de doces, bolos, quiches, frutas e outras cositas deliciosas, tem uma maravilhosa varanda para o Rio Lençóis e a companhia de passarinhos e beija-flores.


Uma ótima forma de já ir adaptando-se à natureza do local.

 

Decidimos conhecer o Poço Azul. Foi uma aposta alta, já que seria o único local que teríamos tempo de visitar e só tínhamos menos de R$30,00 em espécie. Seguimos de Lençóis em direção a Andaraí, após 90km de asfalto, entramos em uma estrada de terra para mais 8km.



Neste momento percebemos que a seca é desoladora. 

 

A estrada é bem sinalizada, basta seguir sempre no sentido de Andaraí, entrar à esquerda em direção a Nova Redenção. Antes da entrada na estrada de barro, à direita, há uma placa. A entrada na fazenda também está sinalizada.

 

Chegamos na fazenda um pouco tensos, já que não sabíamos o preço real da entrada, embora uma amiga tivesse avisado que aceitava cartões de crédito. O marido duvidou, como em um lugar ermo como aquele aceitariam cartão de crédito? Acontece que lá dentro estavam as magníficas e insuperáveis maquininhas da cielo! 

 

Eramos os únicos visitantes. Antes da descida é obrigatório o banho nos chuveiros e a colocação dos coletes. 

 

Se desce uma imensa ladeira e escadas e mais escadas, muito profundo.

 

Ao final há um pier de madeira construído em cima da gruta e um visual espantoso.

 

Imediatamente corri para entrar na água. O marido cambaleou, foi até a ponta, recuou e teve medo como nunca tinha visto (eu sou sempre a medrosa). Totalmente compreensível, são mais de 20metros de profundidade em uma caverna. Não se sabe o que há embaixo, apenas o desconhecido. Depois de alguns minutos, contudo, ele teve o prazer de se apresentar.

Um “mapa do Brasil” é esculpido na boca da gruta.

E a cor da água, sem adjetivos para isso!

 

 

 

Juraci, o nosso guia, em verdade, nosso fotógrafo e detalhista da região, nos disse que na alta estação só é permitido adentrar por 10 minutos e grupos de até 05 pessoas.  Nos impressionou o cuidado com o local, as restrições bem-vindas, como a proibição de movimentos bruscos com a água ou falar alto na caverna. Como éramos os únicos, ficamos mais de 30min, até decidirmos sair.
O outro funcionário da fazenda era o “Miojo”, cujo apelido deve ter sido colocado por não conseguir se fazer entender de forma nenhuma. O seu irmão “cabelo” também parece ajudar no trabalho.
Juraci me falou da seca que castiga a região, das várias cachoeiras que estão solitárias sem água para derramar… Tenho segurança de ver seus olhos empalidecerem.
Almoçamos em Seabra, em um simpático restaurante de nome tão simpático quanto: Truvejo. Comemos um bode na brasa com galinha caipira.

 

 

Devidamente acompanhados de palma (um tipo de cacto típico da região)

E o ótimo preço: R$20,00 30,00 (o total e não por pessoa!)

 

E o retorno para casa, olhando a seca do meu Estado, o gado que já está morrendo na beira da pista, cantando com Flávio José, fez meu coração tremer.

 

 

Avoante
Quando o riacho vira caminho de pedra 
E avoante vai embora procurar verde no chão 
A terra seca fica só e num silêncio 
Que mal comparando eu penso: tá igual meu coração 
Que nem a chuva, você veio na invernada 
Perfumando a minha casa e alegrando meu viver 
Mas quando o sol bebeu açude inté secar 
Quem poderia imaginar que levaria inté você 
Só resisti porque nasci num pé-de-serra 
E quem vem da minha terra resistência é profissão 
Que nordestino é madeira de dar em doido 
Que a vida enverga e não consegue quebrar não 
Sobrevivi e tô aqui contando a estória 
Com aquela mesma viola que te fez apaixonar 
Tua saudade deu um mote delicado 
Que ajuda a juntar o gado toda vez que eu aboiar 
Ê ê ê boi…… 
Ê, ê ê saudade… 
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